O barco dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) resgatou mais de 800 pessoas que pretendiam chegar a Itália, assim como outros migrantes, recolhidos durante as operações de resgate.
"Nós começámos hoje ainda antes do amanhecer com o nosso primeiro socorro. Resgatámos dois barcos de madeira e dois barcos de borracha", disse Simon Burroughs, coordenador das missões de socorro dos MSF.
De acordo com Burroughs, entre os sobreviventes estão eritreus, nigerianos, somalis, líbios, sírios e cidadãos originários da África Oriental.
No decurso das operações, que ocorreram a cerca de 30 e 40 milhas náuticas da costa da Líbia, as equipas de resgate recuperaram os passageiros de 21 embarcações.
As operações foram realizadas por um navio da Marinha italiana, o barco "Bourbon Argos" dos MSF, um navio croata que atua no âmbito da agência europeia Frontex, um navio britânico e um outro alemão no quadro da missão EUNAVFOR e a guarda costeira italiana.
O navio da guarda costeira "Dattilo" recuperou 1.137 pessoas de duas embarcações, enquanto outro navio, o "Corsi", socorreu 137 pessoas de um barco insuflável que estava a esvaziar e no qual estava uma mulher morta.
A guarda costeira italiana disse ainda que 231 pessoas foram salvas enquanto os seus dois botes estavam em apuros.
Os MSF baseados em Beirute tinham anteriormente enviado vídeos para a AFP mostrando centenas de pessoas vestidas com cores brilhantes a bordo do barco da associação, algumas abraçando-se, outras aplaudindo.
"Há [pessoas de] muitas nacionalidades (…). Felizmente, todas estão saudáveis", disse, no vídeo, o porta-voz dos MSF, Sami al-Soubaihi, a bordo do barco, acrescentando que outra operação estava então em curso.
O barco dos MSF tem 26 pessoas, incluindo especialistas no sector da saúde. É neste barco que são tratados os migrantes resgatados, em caso de desidratação ou outros problemas, após o que são conduzidos aos centros da organização em Itália e na Grécia.
Uma centena de migrantes de origem africana foi resgatada na sexta-feira ao largo da costa da Líbia.
Sete cadáveres, incluindo o de uma criança pertencente ao mesmo grupo, também foram recuperados, de acordo com a guarda costeira da Líbia.
A Líbia, com os seus 1.770 quilómetros de costa, tornou-se uma porta para a entrada de migração clandestina para a Europa. Os traficantes de pessoas tiram proveito do caos que reina no país, assolado pela violência e dividido entre dois governos rivais, devido à ausência de controlo nas fronteiras.
A ilha italiana de Lampedusa está localizada apenas a cerca de 300 quilómetros da costa da Líbia.
Mais de 430.000 migrantes e refugiados cruzaram o Mediterrâneo desde janeiro, e quase 2.750 perderam a vida ou estão desaparecidos, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Lusa/SOL