Moody’s: Atraso diminui probabilidade de venda do Novo Banco a preço “satisfatório”

A decisão de adiar a venda do Novo Banco é negativa para a própria instituição e para o sistema bancário, diz a agência de notação financeira. Além disso, ameaça a probabilidade de o Banco de Portugal conseguir um preço “satisfatório” para banco de transição na segunda tentativa de venda.

Numa nota divulgada hoje, a Moody’s refere que “o adiamento da venda e o persistente perfil de crédito fraco é suscetível de afetar o interesse dos investidores no banco e diminuir a probabilidade de o Banco de Portugal vendê-lo a um preço satisfatório”.

A agência de rating não tem dúvidas de que o adiamento é “negativo” para o próprio banco que herdou os ativos saudáveis do BES, porque se corre “o risco de atrasar decisões-chave, tais como a implementação de medidas de reestruturação que permitiram melhorar o perfil de crédito muito fraco do banco”.

E o adiamento é também “negativo” para o sistema bancário, já que “aponta para o desafio que o Banco de Portugal enfrenta para ter um preço de venda suficiente para reembolsar o empréstimo que o governo português concedeu ao Fundo de Resolução, usado para recapitalizar Novo Banco”.

Para a Moody’s, há ainda risco dos ativos do banco serem liquidados, caso não haja venda até agosto de 2016. Recorde-se que na passada terça-feira, o supervisor bancário oficializou a suspensão do processo de venda, referindo que deverá ser pedida a prorrogação do prazo da venda à Comissão Europeia (CE).

“No final de 2014, o Banco de Portugal, enquanto autoridade de resolução, começou a promover a venda de Novo Banco com o objetivo de fechar o processo até setembro de 2015. No entanto, porque o preço das três ofertas vinculativas não corresponderam às expectativas de preço, o Banco de Portugal não conseguiu chegar a um acordo de venda”, sintetiza a Moody’s.

A Moody’s elogia os progressos na desalavancagem, mas os resultados do Novo Banco no primeiro semestre de 2015 “confirmaram as dificuldades que o banco enfrenta para preservar a sua base de capital devido à deterioração da qualidade dos activos e as perdas". “A capacidade de absorção dos riscos também permanece fraca e é limitada pela sua incapacidade de levantar capital nos mercados, dado o seu estatuto de banco de transição”.

Para a agência, "vender com sucesso o Novo Banco a um comprador financeiramente forte e com um interesse em preservar a marca irá melhorar o seu perfil e risco e as perspectivas de negócio bem como apoiar a recuperação”.

sandra.simoes@sol.pt