O mar sempre esteve muito presente na vida de Teresa. Desde muito nova que começou a ir à praia, especialmente com o pai que praticava diversos desportos aquáticos, e não demorou muito até ter a primeira aula de surf com o tio, aos nove anos. “Comecei com bodyboard, por diversão, com os amigos. Depois olhava para os surfistas e achava que era mais fácil e divertido, por isso pedi para experimentar”, recorda.
Cerca de três meses depois, já estava a participar na primeira competição e desde então, foram umas a seguir às outras. O seu lado mais competitivo ajudou-a a chegar mais longe. “Para quem quer seguir o surf como profissão, é mais fácil ser competitivo. E eu não gosto nada de perder”, conta entre risos. Tudo isto sempre com um objetivo em mente: ser uma das melhores surfistas do mundo e integrar a WCT (World Surf League), a elite do surf mundial.
Com o passar dos anos, intensificaram-se os treinos e aumentaram as participações em campeonatos, tanto nacionais como internacionais. Mas foi no ano de 2013 que o investimento de Teresa começou a dar frutos. Ficou em terceiro lugar no ranking da Liga Moche, a principal competição no país, mas não foi fácil para a atleta perder pouco antes da final. “Fiquei muito chateada, mas deu-me mais pica para no ano seguinte ganhar o título”.
E assim aconteceu. Em 2014, sagrou-se campeã nacional, com apenas 14 anos, título que conseguiu renovar este mês, tornando-se a mais jovem bicampeã portuguesa. A surfista, porém, garante que a idade em nada influencia estas vitórias. “Não é por ser mais nova que vou conseguir alguma coisa. Tenho, sim, de dar sempre o meu melhor, tentar sempre evoluir bastante, para conseguir entrar no WCT”.
Para lá chegar, a número um do surf feminino nacional terá de participar em mais campeonatos internacionais, mas competir com surfistas de todo mundo não é fácil. Terá essa oportunidade no Cascais Women’s Pro, para o qual recebeu um wild card – um convite da organização da prova, que já recebeu duas vezes. Esta competição é uma das útlimas etapas para se apurar a campeã mundial de surf de 2015. Irão participar atletas de todo o mundo e a adolescente poderá estar taco a taco com aquelas que mais admira, como Carissa Moore e Courtney Conlogue. Mas neste momento, Teresa está em Lanzarote, a participar na última etapa do Pro Junior Europeu.
Muitas destas provas nas quais participa são feitas sob um atento olhar familiar. A atleta realça que o apoio incondicional dos pais tem-na ajudado não só na escola, como também nas competições. E talvez por estar ‘tão dentro do assunto’, a mãe de Teresa destaca a falta de equidade entre os surfistas masculinos e os femininos. “Eu, como mãe, reclamo imenso. As raparigas entram quando a maré está pior. Ainda assim, a situação está a melhorar”. A adolescente também reconhece a evolução, mas diz que ainda há muito para melhorar.