"Tem havido muita contestação pelas enormes filas que normalmente se geram à volta deste monumento", pelo que se está a experimentar "um novo sistema e ver se resulta", afirmou o arqueólogo coordenador do Centro de Arqueologia de Lisboa, António Marques, após uma visita guiada para jornalistas.
O sucesso desta nova modalidade "vai depender muito da recetividade destas pessoas que vão agora, pela primeira vez, experimentar esta marcação […]. Se correr bem, voltamos a repetir, se não correr bem, temos de pensar em soluções alternativas", explicou o responsável.
As inscrições prévias para visitar as galerias entre as 10:00 e as 18:00, criadas no âmbito das Jornadas Europeias do Património, esgotaram em apenas um dia, mas a afluência não espanta o especialista.
"Explica muito do interesse dos lisboetas e não só dos lisboetas […] porque nós recebemos também, muitas vezes, pedidos de pessoas de fora que querem saber quando é que [as galerias] abrem para programarem o fim de semana e para poderem vir a Lisboa e poderem ver o monumento", referiu.
Segundo António Marques, este é também "um monumento que tem alguma credibilidade e algum interesse por parte do imaginário das pessoas de Lisboa".
Soube-se pela primeira vez da existência das galerias romanas no subsolo da baixa lisboeta em 1771, quando se estava a reconstruir a cidade após o terramoto de 1755.
Nessa altura, o monumento começou a servir de alicerce aos prédios pombalinos, dada a sua robustez.
Hoje, passados mais de dois mil anos desde a sua construção, o edifício romano mantém a sua função.
As galerias começaram a abrir ao público, com regularidade, a partir dos anos 1980, altura em que a Câmara Municipal conseguiu criar condições de acessibilidade ao monumento.
Atualmente, costuma abrir duas vezes por ano.
Questionado se algum dia este criptopórtico do século I d.C. poderá estar permanentemente aberto ao público, António Marques explicou que "isso é problemático" porque o monumento já está debaixo de água "há mais de mil anos" e a alteração implicaria uma "secagem permanente".
"Se nós de repente formos secar, não sabemos o comportamento que os materiais vão ter. Não sabemos até que ponto é que não vamos pôr, estruturalmente, este edifício em causa. E isso pode também pôr em causa as pessoas e os edifícios que estão por cima dele", adiantou, frisando que tal decisão necessita ser estudada.
As visitas são realizadas sob a orientação de técnicos do Museu de Lisboa e do Centro de Arqueologia de Lisboa e visam sensibilizar para a importância da salvaguarda do património.
Lusa/SOL