A família Stilwell chegou a Portugal em 1904. E um dos filhos do avô Stilwell (que casou com uma portuguesa) é John Stilwell, que foi o percursor do golfe no Algarve onde chegou no início dos anos 60 do século passado.
John Stilwell adquiriu então a Tapada da Penina, com o apoio de alguns amigos, onde surgiu o primeiro campo da região, que é hoje um dos resorts de turismo e golfe mais conhecidos, o Penina Golf Resort, e onde reside ainda, numa vivenda junto a um dos fairways do percurso Sir Henry Cotton. Teve cinco filhos, um deles Christopher.
Apesar de ter nascido em Lisboa, quase toda a sua vida foi passada no Algarve. Começou como director residente do Hotel Alvor Praia em 1980, foi administrador do Alto Golf, entrou na Algarve Golfe como director em 1990 e passou depois a presidente deste organismo. E foi nesse cargo que esteve envolvido nos Opens de Portugal da Quinta do Lago, Vale do Lobo e Penina.
Apaixonado pelos desportos motorizados, esteve ligado durante alguns anos à organização da prova portuguesa do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 de Motonáutica, em Portimão e em 2005 na organização do Campeonato do Mundo de Motos de Água.
Ainda em 2005 assumiu o cargo de responsável pelas operações de golfe do Grupo Oceânico, de que é hoje o administrador. Desde 2007 está envolvido na organização do Portugal Masters.
E como personalidade ligada ao golfe e ao turismo tem assistido a alguns dos maiores eventos mundiais de golfe – Ryder Cup, Masters de Augusta, British Open, Irish Open e outros.
“É sempre importante ver e acompanhar os grandes eventos para se aprender e para que se possa aplicar aqui no Algarve o melhor que aprendemos”.
A crise que se vive, em Portugal e na Europa, está a afectar o golfe no Algarve?
Já afectou mais. A grande queda foi em 2009. Tem estado a recuperar bem mas ainda não atingiu os níveis de 2008. Há uma recuperação ligeira, mas é sempre recuperação. Os campos da Oceânico, por exemplo, registaram um aumento de sete por cento nos green-fees nos primeiros seis meses deste ano em relação a igual período do ano passado.
O golfe é importante para a economia do Algarve?
O golfe regista mais de um milhão de voltas por ano, e a maioria na época baixa, o que representa uma forte quebra na sazonalidade, sim, é importante para a economia regional e nacional. E mais: 95 por cento destas voltas de golfe são de estrangeiros. O golfe é uma indústria de exportação e por isso não são apenas os campos de golfe a ganhar mas toda a envolvência comercial – hotéis, restaurantes, táxis, imobiliária, todo o comércio- na época baixa do turismo de praia.
A Associação de Golfe do Algarve não deveria ter uma maior envolvência na promoção e desenvolvimento do golfe na região?
Vamos relançar a Algarve Golfe em breve, de forma a poder juntar todas as empresas do sector para poder dar mais enfase ao golfe e é muito importante que nos possamos juntar todos para que esta indústria, tão importante para o Algarve, se possa desenvolver mais.
A crise pode afectar com maior gravidade alguns campos da região?
A crise quando chega afecta todas as empresas, as mais ou menos sólidas. Não é fácil mas com esforço tudo será ultrapassado. Temos feito um grande trabalho no sentido de criar mais voos diretos para o Algarve, na época baixa. As pessoas quando vão de férias não querem fazer escalas intermédias, que lhes ‘roubam’ muitas horas na deslocação. Nós somos um destino de golfe/turismo privilegiado porque estamos a duas/três horas dos principais mercados emissores da Europa, temos um clima excelente, uma gastronomia fabulosa e difícil de bater, um país seguro e com elevados índices de qualidade ambiental e higiene.
É também presidente do CG de Vilamoura, o clube que terá mais associados em Portugal. Este clube tem contribuído muito para o desenvolvimento do golfe e a promoção do Algarve…
O CG Vilamoura vai fazer 30 anos e teve sempre o apoio da empresa proprietária dos campos de golfe de Vilamoura, neste caso a Oceânico Golfe. O clube tem uma área muito importante, que são as escolas de golfe que já contam muitos anos e têm formado muitos jovens não apenas na vertente desportiva como na área da gestão do golfe e alguns exemplos são o Ricardo Santos, o Ricardo Melo Gouveia como profissionais ou o Romeu Gonçalves como director do Victoria, além de muitas dezenas de outros jovens. A escola continua a dar bons frutos, tendo actualmente cerca de 200 jovens nos diversos escalões. O clube é o campeão em título de Portugal e campeão da Europa. Há uma certeza: vamos continuar a investir no clube como Escola de Golfe e como escola da indústria do golfe.
O Grupo Oceânico, proprietário de sete campos no Algarve, continua a apoiar o clube e o desenvolvimento do golfe no Algarve?
Nós acreditamos que é fundamental para nós apoiar a formação dos jovens, porque o golfe é o nosso negócio e esse negócio precisa de pessoas qualificadas, a todos os níveis, desde jogadores a profissionais, recepcionistas, pessoas de campo, etc.. Se toda essa mão-de-obra qualificada for formada em “casa”, com pessoal qualificado e com experiência, será sempre uma mais valia.
Artigo escrito por Valdemar Afonso ao abrigo da parceria entre a Revista GOLFE Portugal & Islands com o Jornal SOL.