Está dado o mote para Plaza Suite, agora em cena no Teatro Tivoli, em Lisboa. A peça escrita no final dos anos 1960 pelo dramaturgo norte-americano Neil Simon, encenada por Adriano Luz, marca o regresso ao palco de Alexandra Lencastre, que se junta ao amigo Diogo Infante . E se é um casal desavindo o protagonista do primeiro ato, é outro casal o protagonista do segundo.
Voltamos à suíte 719 para encontrar um outro casal, mais velho (interpretado pela mesma dupla), de novo em clima de grande tensão. É o dia de casamento da filha e esta está barricada na casa de banho, de onde se recusa a sair. Pretexto para ver as fragilidades destas duas pessoas juntas há tanto tempo e ao mesmo tempo tão distantes.
Haveria ainda uma terceira história, que se decidiu não levar à cena. Adriano Luz justifica a opção – comercial – pela duração da peça, que ficaria muito longa. Mas garante que estes dois atos são a escolha acertada. “São muito contrastantes, têm duas lógicas de representação completamente distintas”. Se no primeiro vemos uma relação quase a terminar, numa aproximação ao melodrama em tom sarcástico, no segundo assiste-se a uma relação há muito terminada (embora este casal ainda não o tenha percebido), num registo cómico que se aproxima da farsa. “Percebe-se que aquele casal já não é feliz mas é como se não dessem por isso. Vemo-lo em restaurantes, casais que já nem falam um com o outro mas que continuam no rame-rame da relação”.
Êxito retumbante quando se estreou, na Broadway, em 1968, a peça, que esteve em cena mais de dois anos, valeu ao encenador, Mike Nichols, um Tony (prémios para que foi também nomeada nas categorias de Melhor Dramaturgia e Melhor Atriz), tendo sido posteriormente adaptada para cinema pelo próprio Neil Simon (num filme realizado em 1971 por Arthur Hiller). “Este é dos autores mais representados no mundo. É um teatro comercial, de grande público, mas que vai além da graçola. É uma comédia mas assenta em pessoas”. Para o encenador, é esse o segredo do sucesso: filho, neto e avó podem-se sentar na mesma plateia. Há uma identificação do público com as personagens. “Aqui fala-se de amor, da relação entre casais, do seu fim, de forma muito tocante”.
Confirmando que são dos melhores atores da sua geração, mesmo não sendo este o seu registo habitual, Alexandra Lencastre (que assinala 30 anos de carreira) e Diogo Infante são exímios a fazer rir a plateia. Mas as gargalhadas deixam um amargo na boca. Poderá uma relação sobreviver ao passar do tempo de forma diferente da destes casais?