O que é fascinante na história do movimento sionista é como uma ideia assente numa longa e complexa história – o princípio da Palestina como berço e lar do povo judeu – foi perseguida de forma obstinada por um conjunto reduzido de indivíduos ao longo de décadas, tornando-se uma matriz cultural que, em última instância, hoje sustenta e justifica a própria existência do Estado de Israel.
Independentemente da posição particular que possamos ter face ao complexo processo de criação e consolidação do Estado de Israel, esta capacidade do movimento sionista de prosseguir de forma obstinada uma direção, porque firmemente se acredita nos princípios que a orientam, é uma prática que tantas vezes sentimos ausente da nossa política.
Agora que se avizinham eleições, queremos que os nossos políticos façam a cada um de nós, como eleitores, a simples pergunta que em 1837 Herzl fez aos seus congéneres: «A direção que propomos é clara e cheia de obstáculos, querem percorrer este caminho connosco?». É isto que esperamos: clareza nas propostas, para que, quando votarmos, saibamos de forma inequívoca quais as escolhas que estamos a fazer.
O que hoje precisamos é de uma postura no exercício político que nos garanta a todos – políticos e eleitores – que somos responsáveis e responsabilizáveis pelas nossas escolhas e pela nossa atuação. Sem essa transparência no discurso e na ação, a nossa política não irá melhorar e dificilmente ultrapassaremos o crescente divórcio entre políticos e cidadãos que marca a nossa sociedade neste início do século XXI.
* Administrador adjunto da Universidade Lusófona