“Este é um espetáculo de stand-up clássico. Não vou fazer nada de inovador, tipo malabares e cuspir fogo. É uma pessoa em cima de um palco a contar histórias sobre três temas: tecnologia e relações homem-mulher, dentro de um universo que é um jantar em casa. O terceiro não digo, que é para irem ver”.
Aos 32 anos, este é já o seu terceiro espetáculo a solo. E surge na sequência de Cábula, que o humorista fazia em salas mais pequenas, onde se permitia uma maior espaço de improvisação e que funcionou como uma espécie de rascunho para Na Ponta da Língua. “Estive a experimentar várias histórias que me permitiram chegar ao conjunto das melhores ou das que corriam melhor na plateia. Na Ponta da Língua está já preparado para salas maiores, mais rotinado. O Cábula era experimental, podia falhar várias vezes. Agora já não. Procuro que as pessoas se riam do princípio ao fim, numa média de 12 segundos”.
Por isso, o texto continua a ser revisto. Piadas que mudam de sítio, que são eliminadas, acrescentadas. É importante, quando se fala de um tema, começar com uma grande piada e fechar com uma grande piada. Mas é preciso tempo para perceber isso. Uma piada só é muito boa quando eu a disser dez vezes e ela for sempre boa. Sou muito exigente. Só paro quando o espetáculo estiver, para mim, perfeito”.
E nenhum estaria perfeito sem a participação involuntária do público. “Vou muito à plateia. De repente uma pessoa que foi só ver um espetáculo está a fazer parte dele. Há pessoas que reagem como labradores excitados, querem muito estar. E há pessoas que reagem com muito medo, como se estivessem a ver uma barata”.
Até abril, o humorista – que neste verão esteve nas bocas de todos com a frase ‘sai da toca, Zé’, que, feita para um anúncio da Sagres, foi até cantada, diz, a José Sócrates quando este saiu da prisão – estará na estrada, altura em que quer fazer um grande espetáculo e gravá-lo. “O objetivo é fazer um DVD, mas não sei se o vou fazer ou simplesmente carregar no Youtube. Daqui a dez anos ninguém vai fazer um DVD, é mais uma coisa de prestígio: ‘Vê filho, o pai fez um espetáculo, está aqui emoldurado nesta caixa’”. Além disso, continua com a rubrica diária ‘Pensa Rápido’, às 8h50, agora em direto, no Café da Manhã, na RFM. E planos não lhe faltam. Quer fazer um projeto digital, com vídeos humorísticos, e regressar à televisão, com uma nova série feita à semelhança de Sal (série que protagonizou, com César Mourão, João Manzarra e Rui Unas, escrita por João Quadros e Frederico Pombares, e transmitida na SIC no ano passado), sobre a qual Salvador Martinha ainda pouco quer adiantar: “Não está nada contratualizado. Mas é uma coisa pensada e já falada com algumas pessoas. Vai acontecer. E em 2016”.