Nenhuma das três portuguesas inscritas no 5º Açores Ladies Open terminou esta sexta-feira a primeira volta integrada no cut provisório deste torneio do Ladies European Tour Access Series (LETAS), a Segunda Divisão europeia. Por outro lado, também nenhuma ficou arredada desse objetivo e tanto Joana de Sá Pereira (+5), como Mónia Bernardo (+6) e Susana Ribeiro (+6) possuem hipóteses razoáveis de conseguir amanhã (sábado) o apuramento para o último dia de prova no Clube de Golfe da Ilha Terceira.
Num dia em que as condições meteorológicas melhoraram, depois de na véspera ter sido impossível disputar o Pro-Am, o vento forte e um curto período de chuva torrencial de pouco mais de cinco minutos foram os grandes obstáculos. Apesar de tudo, houve oito jogadoras a bater o Par-72 do campo e o cut provisório fixou-se no top-26, em 3 pancadas acima do Par.
Do total de 59 participantes, depois da desistência por lesão da britânica Ana Scott, a melhor foi a inglesa Emma Goddard, com 69 pancadas, 3 abaixo do Par, o que não é de admirar, dado ser uma jogadora da Primeira Divisão europeia (Ladies European Tour – LET), que só veio aos Açores por não haver torneios do seu escalão esta semana.
Joana de Sá Pereira, de 25 anos, é a melhor portuguesa, no 38º lugar, empatada com a inglesa Lauren Blease, com 77 pancadas, 5 acima do Par, numa volta em que fez 1 triplo-bogey, 2 duplos-bogey, 1 bogey e 3 birdies, acabando exatamente com 1 birdie no 18.
«Nem no drive, nem no putt tive quaisquer problemas. Francamente, foram 3 shots em que me enganei de taco, acontece a toda a gente, um no Par-3 (no buraco 11) e nos outros dois os segundos shots que foram para onde não deveria estar (buracos 2 e 16)», disse a portuguesa nascida na Suíça e residente em França.
Mónia Bernardo e Susana Ribeiro integram o grupo das 40ª classificadas, com 78 pancadas, 6 acima do Par.
Mónia Bernardo, de 38 anos, uma madeirense que reside no Algarve, teve duas fases muito boas: os primeiros cinco buracos corridos a Par (do 10 ao 14) e depois o seu único birdie no 2, seguido de seis buracos consecutivos a Par. Foi pena o bogey no 18, mas onde foi realmente penalizada foi numa série terrível de duplo-bogey no 18 e triplo-bogey no 1.
A vice-campeã nacional explica o que se passou: «No duplo joguei uma bola para o green que, infelizmente, não tive um bom “bounce”. Ressaltou para a direita, caiu no bunker e, como me disse o meu caddie, é o bunker mais difícil do campo, uma parede de 1,5 metro à frente, foram 2 shots para tirar a bola de lá e 2 putts. Depois, tive uma saída menos boa, falhei à direita, onde era impossível falhar, tive de dropar, de jogar para frente, o green é super difícil e fiz 3 putts. E assim se faz 1 triplo».
A experiência de muitos torneios jogador permite-lhe relativizar: «Tirando isso não posso dizer que tenha sido mau». O cancelamento do Pro-Am prejudicou-a, na medida em que é uma das jogadoras que testou pela primeira vez o percurso: «Não tive oportunidade de jogar o back nine do campo, o meu front nine de hoje, e fui completamente às cegas. Nos dias anteriores andei no campo e visualizei-o, mas não é a mesma coisa que jogar o buraco».
Em contrapartida, Susana Ribeiro, de 25 anos, uma portuense residente em Belas, jogou neste campo em 2013 e só falhou o cut por 1 pancada. Está num bom momento de forma e chegou a andar parte da primeira volta no top-10, pois arrancou 1 birdie no buraco 2, sofreu 1 duplo-bogey no 4, mas compensou com novo birdie no 8. À reportagem da SportTV disse que «o objetivo era ficar no top-10», mas depois as coisas complicaram-se numa série negra de bogey-duplo-bogey no 9, 10 e 11, da qual não se recompôs, perdendo ainda pancadas no 15 e no 18.
«No duplo-bogey falhei o shot de saída, depois falhei o segundo shot, fiz 3 putts, correu tudo mal nesse buraco. No 18 falhei o green muito à direita, fui para as árvores e fiz 1 bogey. No 10, meti a primeira fora e fiz mais 1 duplo-bogey. Foi difícil continuar», contou a campeã nacional, que detetou um erro técnico pouco habitual: «Estava a dar bastante em push, slice, falhei muitos shots assim, já consegui no fim da volta contrariar essa tendência».
Como se pode ver, qualquer uma das portuguesas teve boas fases de jogo e é por isso que sentem que tudo pode mudar amanhã, no dia do tudo ou nada, numa jornada que se prevê difícil pelo agravamento das condições meteorológicas. Mas o discurso é obviamente positivo.
«Amanhã será diferente porque já aprendemos onde devemos bater a bola e onde devemos evitar. Quando jogámos o campo pela primeira vez nas voltas de treino não estava tão molhado. O campo não é difícil mas com tanta água, com os greens molhados, tivemos de parar durante uns 15 minutos para poderem tirar a água dos greens. Ficou um bocado ensopado, num período de menos de dez minutos caíram uns bons 20 centímetros de água e o campo tornou-se difícil, mas agora já estamos preparadas», frisou Joana Pereira.
«Impossível não é (atingir o objetivo do top-10), nada é impossível e amanhã será melhor», sublinhou Susana Ribeiro.
«Será difícil alguém fazer um resultado muito baixo neste campo. Está muito vento, há buracos em que temos de jogar dois ou três tacos a mais, o vento estava hoje mesmo impressionante e é um campo muito fechado, onde não podemos falhar o fairway, porque ficamos dentro das árvores sem hipóteses de recuperar. Todas podemos ainda sonhar. Amanhã é outro dia e embora não tenhamos jogado lindamente hoje, não jogámos assim tão mal que estejamos fora de hipótese de passar ao terceiro dia», analisou Mónia Bernardo.
O mais importante torneio feminino português, de 30 mil euros em prémios monetários, é liderado pela inglesa Emma Goddard que se sentiu a jogar em casa.
«É sem dúvida o típico clima britânico, frio, chuva, mas de repente fica bonito e soalheiro. É a minha primeira vez aqui, neste campo, nesta ilha, é muito bonita. Gostei muito do campo e tentei tirar partido das oportunidades, apesar de estar muito molhado», declarou, depois de uma volta insenta de bogeys, com birdies nos buracos 2, 16 e 18.
«É simpático estar no topo do leaderboard mas não tenho expectativas para amanhã, a não ser fazer o mesmo que hoje e estar pronta para o último dia. É a minha primeira vez num torneio LETAS. Tenho cartão a tempo inteiro para o LET mas havia esta vaga no calendário e decidi jogar as duas próximas semanas no LETAS. Neste momento estou no fio da navalha para manter o cartão, veremos», acrescentou a 123ª classificada na Ordem de Mérito do LET.
O 5º Açores Ladies Open conta com 9 das 10 primeiras da Ordem de Mérito do LETAS e duas delas surgem logo no 2º lugar, a 1 pancada da líder. A espanhola Natalia Escuriola, a 3ª jogadora da Segunda Divisão europeia, jogou a sua primeira volta com o novo estatuto de profissional em 70 pancadas, 2 abaixo do Par, o mesmo resultado da finlandesa Krista Bakker, a 8ª do mesmo ranking LETAS. A outra jogadora empatada no 2º lugar com 70 (-2) é a francesa Marion Duvernay.
Artigo escrito por Hugo Ribeiro ao abrigo da parceria entre a Federação Portuguesa de Golfe com o Jornal SOL.