O homem do carro, no entanto, ignorando o cartão, que deixou ali a pairar no ar, e na mão do outro, mostrou-se agastado: O que é que o Senhor tem a ver com isso? Pessoalmente, estou muito satisfeito com o carro, e não lhe noto nenhum defeito irremediável.
Mas repare que o estão a enganar da pior maneira, insistiu o primeiro. Não é só o dizerem-lhe que este Golf polui pouco, é terem também instalado um computador de bordo com um softwere que o engana nisso da poluição.
Ó homem, não me chateie, abespinhou-se o do carro. Já lhe disse que não noto nenhum defeito, e estou até radiante com ele.
Mas não se importa de ser enganado? Admirou-se o tipo de fora.E quem lhe disse a si que eu sou enganado? O carro agrada-me, tenciono ficar com ele, e se algum dia o trocar, o mais certo é ser por um igual.
Definitivamente o Senhor gosta de ser enganado. Agora era o primeiro, o de fora, que se irritava, voltando a guardar no bolso o seu cartão.
E o do carro, já sorridente, pondo-o a trabalhar, arrancando com ele, ainda lhe atirou: veja lá não respire o que sai aí do escape, não vá fazer-lhe mal. E depois, definitivamente irónico, ainda lhe disse: você deve ser daqueles que acusa os políticos de mentirem em campanha eleitoral, e talvez nem queira votar nos que acha serem mais mentirosos.