A alemã Karolin Lampert desafiou no passado domingo todas as previsões e o mau tempo que interrompeu a jornada durante algumas horas para conquistar o seu primeiro título profissional no Açores Ladies Open, de 30 mil euros em prémios monetários, depois de ter sido uma das melhores amadoras do Mundo.
A alemã de 21 anos chegou a ser 14ª do ranking mundial amador e nessa fase da sua carreira passou pelo Montado, em Palmela, onde se sagrou vice-campeã do Campeonato Internacional Amador de Portugal em 2013, com 5 pancadas abaixo do Par, só superada pela espanhola Clara Sanchez (-7).
Dois anos volvidos, chegou ao Clube de Golfe da Ilha Terceira para disputar o mais importante torneio de golfe feminino português, integrado no Ladies European Tour Access Series (LETAS), a Segunda Divisão europeia, e fez um percurso de trás para a frente: Era 5ª aos 18 buracos com 71 (-1), passou para 2ª (-3) aos 36 buracos depois de uma segunda volta de 70 (-2) e acabou por vencer com 214 pancadas, 2 abaixo do Par, após uma derradeira ronda em 73 (+1).
«É sem dúvida nenhuma a minha vitória mais importante, porque é o meu primeiro título profissional e estou orgulhosa dele», disse Karolin Lampert, que partiu para a última volta com 4 pancadas de atraso, uma vantagem que parecia confortável para a inglesa Emma Goddard, a líder dos dois primeiros dias. Para mais, tratando-se de uma jogadora da Primeira Divisão europeia, o Ladies European Tour (LET).
«Era um situação difícil, recuperar 4 pancadas, mas ela “drivou” para fora de limites no buraco 2 e eu pensei que talvez ela estivesse a ficar um pouco nervosa. Nestas condições, é preciso ser-se muito paciente, ela perdeu um pouco o seu jogo e eu fui capaz de fazê-lo, de jogar o meu jogo, mas foi uma luta o dia todo», acrescentou a jogadora que, enquanto amadora, integrou «durante seis anos a seleção alemã» e obteve resultados de relevo, com vitórias nos Campeonatos Internacionais da Alemanha, Espanha, França (em sub-18), no Europeu de Clubes, foi vice-campeã mundial por equipas e convocada para a Junior Solheim Cup em 2013 ao serviço da seleção da Europa.
Emma Goddard, a anterior líder, viveu um pesadelo
A irmã do profissional de golfe Moritz Lampert teve razão em salientar a derrocada da sua adversária mais direta porque Emma Goddard fez 1 duplo-bogey no 2, 1 bogey no 3 e 1 triplo no 6 para perder claramente o comboio. Terminou com uma frustrante volta de 80 (+8), que a deixou com um agregado de 217 pancadas, 1 acima do Par, empatada no 3º lugar com a brasileira Victoria Lovelady, a cazaque Jamila Jaxaliyeva e a amadora espanhola Luna Sobrón.
O desastre de Emma Goddard permitiu à finlandesa Krista Bakker ascender ao 2º lugar, graças à melhor volta do dia, em 68 pancadas, 4 abaixo do Par. Foi, aliás, a única das 29 jogadoras que passaram o cut a bater o Par-72 do campo e embolsou 3.333 euros.
Karolin Lampert, por seu lado, recebeu um cheque de 4.834 euros, mas, mais do que isso, ao vencer no Açores Ladies Open qualificou-se para o WPGA International Challenge, na próxima semana, em Inglaterra, o último torneio do LETAS em 2015. «Não tinha entrada e estou mesmo contente de ter-me qualificado para poder competir mais antes da Escola de Qualificação em dezembro», disse a alemã do St. Leon Rot Golf Club, onde há duas semanas se realizou a Solheim Cup.
Valeu a pena a espera de várias horas, dada a interrupção da última volta devido à chuva que alagou o campo: «A minha opinião é que poderíamos voltar a jogar se o campo estivesse jogável e se estivesse justo. Eu acho que estava. Houve muitos greenkeepers a ajudarem no campo, mas, é verdade, acabou por ser um dia muito longo. Creio que estamos todas contentes por termos terminado as três voltas. Acho que foi uma boa decisão. Nem sempre as jogadoras gostam de jogar em dias destes, mas acho que nos tornamos mais fortes depois disto».
Superar 14 cuts falhados consecutivamente
Superar dificuldades não é algo de estranho a Karolin Lampert. Depois de uma belíssima carreira amadora, passou a Escola de Qualificação do LET em finais de 2013, competiu no ano passado na Primeira Divisão europeia, mas, entretanto, perdeu o cartão para 2015. Ainda jogou quatro torneios do LET esta época e falhou o cut em todos. Desceu ao LETAS e voltou a não passar um único cut em 10 torneios na Segunda Divisão, para, finalmente, despontar nos Açores.
«Tenho vindo a trabalhar no duro, mudei de treinador há dois meses, fiz algumas coisas diferentes, o meu novo treinador acredita em mim e estava a dizer-me que estava na hora, porque tinha ficado muito contente com as minhas duas primeiras voltas. Quando passei o cut, o primeiro deste ano, disse-me para continuar, disse-me que sabia que eu conseguiria porque ganhei alguns torneios quando era amadora e senti-me confortável nesta situação de estar no último grupo», sublinhou.
Depois de ser tão bem sucedida nos dois principais torneios portugueses femininos, é impossível não sentir uma relação especial com o nosso país: «Adoro vir a Portugal, passamos muitas férias cá e gosto do ambiente neste país».
Cerimónia de entrega de prémios
Na cerimónia de entrega de prémios estiveram Diana Valadão (Ilhas de Valor), Diana Barnard (LETAS), Nuno Mimoso (Federação Portuguesa de Golfe), Carlos Raulino (Clube de Golfe da Ilha Terceira), José Carmona Santos (Stream Plan) e as jogadoras Karolin Lampert (campeã), Krista Bakker (vice-campeã) e Luna Sobrón (a melhor amadora).
Artigo escrito por Hugo Ribeiro ao abrigo da parceria entre a Federação Portuguesa de Golfe com o Jornal SOL.