Ao apresentar no parlamento helénico o programa do seu segundo executivo após a vitória por maioria relativa nas legislativas de 20 de setembro do partido da esquerda Syriza, a segunda desde janeiro, Tsipras reconheceu que se inicia um período "difícil" mas em simultâneo "prometedor", no qual o Governo não apenas deverá aplicar o terceiro acordo de resgate para libertar o país "da supervisão [dos credores internacionais] mas também alterar as coisas para regressar ao crescimento".
Sublinhou ainda que "apesar de todas as dificuldades é possível alcançar esse objetivo" durante o seu mandato, para que no final o país "tenha deixado para trás a recessão e os memorandos".
De acordo com o primeiro-ministro grego, um aspeto importante do novo resgate reside na garantia de um quadro financeiro para impulsionar o crescimento e assente em fundos comunitários de 20 mil milhões de euros que permitirão o início de um crescimento económico sustentado.
Tsipras comprometeu-se a aplicar sem atrasos as políticas negociadas com os credores, para concluir rapidamente a primeira avaliação das reformas e poder obter os fundos necessários para recapitalizar a banca e iniciar o debate sobre a reestruturação da dívida.
"Garantir estes objetivos é uma condição para poder regressar ao crescimento", disse o líder do partido da esquerda grega, para acrescentar que "se tudo correr bem" a Grécia voltará a registar números positivos no primeiro semestre de 2016.
O primeiro-ministro grego prometeu ainda desencadear diversas iniciativas para tornar a economia atrativa para os investimentos sem pôr em causa a coesão social e garantir a proteção do meio ambiente e a valorização dos bens do Estado.
Assegurou ainda que quando for discutido o alívio da dívida, após a aprovação pelos credores da primeira revisão do resgate, o Governo apresentará uma estratégia e propostas claras.
O chefe do Governo grego, que renovou a coligação no poder com os Gregos Independentes (direita soberanista anti-austeridade), precisou que o objetivo consiste em "alargar os prazos de devolução, estabilizar as taxas de juro, obter um período de graça e condicionar o pagamento da dívida ao crescimento económico".
Tsipras sublinhou que não põe em causa os diversos compromissos do resgate, mas sublinhou que ainda existem diversos segmentos pendentes que o Governo negociará "com firmeza".
Em concreto, referiu-se à negociação sobre o crédito malparado da banca, e que "lutará" para proteger os inquilinos despejados de suas casas.
Numa referência às promessas eleitorais do partido — que conheceu uma cisão da sua ala mais radical, que se opôs ao acordo com os credores em meados de julho que implicou o terceiro programa de resgate –, anunciou uma negociação dura relacionada com a determinação do governo em restabelecer os contratos coletivos e o salário mínimo, em impedir a privatização da companhia de eletricidade estatal e das redes de distribuição de energia.
"Vamos sugerir um conjunto de iniciativas para salvaguardar a abertura do mercado de energia mantendo o caráter público dos organismos", afirmou.
Por fim, referiu-se ao fundo para as privatizações de propriedade pública, um dos pontos mais controversos das negociações com os credores internacionais (UE e FMI), e assegurou que o Governo se vai empenhar em garantir a melhor valorização possível dos bens do Estado.
Lusa/SOL