Investigação descobre utilização industrial para cascas de ovo

Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) descobriu um processo que permite produzir materiais cerâmicos utilizando cascas de ovo, com vantagens ambientais e económicas, anunciou hoje fonte daquela academia.

Os estudos realizados pelo investigador José Velho, do Departamento de Geociências da UA permitiram encontrar uma utilização industrial para um resíduo que possui custos elevados para ser transportado e encaminhado para uma unidade de tratamento.

Segundo o investigador, o método, já patenteado, permitirá evitar que as cascas de ovos tenham como destino o lixo, podendo o produtor de ovos vender o material em vez de pagar pelo respetivo transporte para aterros sanitários.

Além disso, refere José Velho, o processo "também permite que os fabricantes de cerâmica poupem dinheiro já que o cálcio das cascas é uma alternativa de baixo custo à calcite, usada como matéria-prima e cujo processo de extração apresenta uma pegada de carbono elevada".

Segundo o investigador, "anualmente são produzidas em Portugal pelo menos 2.600 toneladas de resíduo de casca de ovo, cuja composição química é semelhante à calcite, e que envolvem um custo para transporte e tratamento nos aterros sanitários de cerca de 122 euros por cada tonelada".

Apesar de não ser possível substituir 100% da calcite por casca de ovo, José Velho diz que "há ganhos evidentes a nível económico".

"O interesse é maior da parte do produtor de casca de ovo estendendo-se, com menor grau, para a indústria de cerâmica", diz o especialista sublinhando que "não existem custos acrescidos para as indústrias de cerâmica uma vez que na preparação das pastas, e cumprindo todas as normas requeridas pelas empresas do ramo, se continuam a utilizar os mesmos equipamentos e métodos".

Quanto à qualidade final dos cerâmicos fabricados com as cascas, José Velho garante que "até um determinado nível de incorporação conseguiu-se manter os níveis de qualidade mais exigentes aplicados pela indústria".

No futuro, o investigador antevê que será possível "estender um pouco mais a taxa de incorporação sem que se verifique uma perda significativa da qualidade do produto final".

Lusa/SOL