Segundo conta à Tabu, não foi preciso nenhum truque elaborado para alcançar o sucesso. A humildade é a base do seu trabalho, a paixão pela magia é a sua força motriz e as horas que dedica à profissão complementam todos estes ‘ingredientes secretos’. Trabalha com a mesma equipa há 20 anos e deposita no trabalho conjunto todo o mérito de ter chegado onde chegou. Os seus espetáculos são vividos sempre da mesma forma, e o lado racional de quem os assiste deve ser guardado no bolso. “Cada espetáculo que faço, faço-o como se fosse o último. Não sei o que me pode acontecer amanhã. E o lado racional das pessoas não tem lugar num espetáculo. Deve ser apenas ativado o lado emotivo de cada um para que ninguém saia de lá frustrado”.
Coimbra, a cidade onde foi estudante e que desde logo o encantou, foi a sua mais recente estadia. Apesar de ter nascido em Moçambique e ter morado em Leiria, esta cidade é aquela que o faz sentir-se em casa. “O meu crescimento foi nesta cidade. Condicionei muitas vezes decisões da minha vida para não sair de Coimbra. Ter esta cidade como a minha base ajudou-me imenso, sobretudo emocionalmente”. Os Encontros Mágicos, um festival tão conhecido junto do público, eleva todos os anos a fasquia e traz, de todo o mundo, os melhores da arte mágica. Este evento dura, todos os anos e desde 1992, uma semana, proporcionando ao público serões diferentes. “Há 51 semanas do ano, e há uma semana em que queremos devolver à magia tudo aquilo que elas nos dá. ‘Oferecer’ uma semana do nosso tempo a fazer historia e a dignificar a arte é, para nós, muito gratificante”.
Uma das características desta arte, que Luís de Matos gosta de deixar bem saliente, é a sua transversalidade. “Não quero parecer arrogante mas a magia é a única expressão em que a representatividade presente no público revela um corte completamente transversal na sociedade. Na magia de rua, por exemplo, vemos o mendigo, o casal jovem, o casal tatuado, o casal homossexual, a avozinha, o político… os vários extratos sociais existentes vivem naquele momento a mesma experiência!” Apesar de não exigir um conhecimento prévio, a magia é um processo de afetividade em que o impossível se pode tornar possível. “Nós nascemos e já vem no nosso software a imaginação, o sonho, a capacidade de nos impressionarmos com o que é impossível. Nunca vamos precisar de um conhecimento prévio e isso é especial”.