Até o dia em que viajou até aquela ilha para um contrato de três meses de trabalho. Agora é na Madeira que se sente “em casa”, e foi ali que casou, constituiu família e começou a jogar golfe, primeiro com o marido, depois com o filho.
Enquanto jogadora de ténis e de squash, Kim Camacho arrecadou vários troféus ao nível nacional. Mais tarde utilizou essa destreza física na aprendizagem do golfe. Isto aliado a outra ‘arma secreta’ que reside na sua formação em psicologia. “Eu sou psicóloga e isso ajuda imenso o meu jogo”, disse.
“Na verdade o golfe é a modalidade mais fácil do mundo, os movimentos são passivos [enquanto o ténis é proativo e tenho que reagir a alguém], no golfe tenho todo o tempo do mundo, posso treinar, posso fazer um swing perfeito, não há mais ninguém”, explica. O problema é quando “os jogadores começam a pensar muito, e se sentem pressionados. Aí têm que relaxar e lembrar aquilo que já sabem”.
É o caso de Sergio Garcia, que é um “excelente profissional” mas “sofre muito com o jogo”. “Nos torneios em que está a ganhar sente-se pressionado e depois acaba sempre a perder. No geral há sempre distrações e Sergio Garcia tem dificuldade em se abstrair do meio que o rodeia, em se focar e em se concentrar”.
Do outro lado temos Mickelson, um jogador “naturalmente mais forte” com “uma excecional capacidade de controlo e de foco”, capaz de fazer seis birdies seguidos. “Isso tem a ver com o controlo, ele é muito forte naturalmente”, explica.
Há também outro jogador digno de nota, Bubba Watson que afirma não precisar de psicólogos desportivos. No fundo, Bubba “atingiu um patamar no golfe e sente-se confiante e feliz. “Os bons golfistas não ficam completamente loucos de felicidade quando vencem nem completamente miseráveis com as derrotas. O fio do pendulo emocional não oscila muito”, explica Kim.
“A mente faz toda a diferença no golfe” refere. Há “fases da vida em que estamos a jogar fantasticamente, outras fases em que não jogamos tão bem”.
Kim diz que é possível reduzir o stress no jogo. “Se consultarem um psicólogo desportivo, podem acalmar estes pensamentos”, pois é possível “criar uma rotina bastante forte antes de bater a bola, para ter sempre os mesmos pensamentos e fazer sempre os mesmos movimentos”.
Quanto ao golfe de Kim Camacho, aquilo que a cativou foi a calma que a modalidade transmitiu, a beleza das paisagens dos campos e a quebra da rotina. Obteve algumas vitórias no clube onde começou a jogar, no Palheiro Golf, tendo ficado em primeiro lugar em classificação gross em dois torneios do Reid’s Palace.
Ao lado de Ángel Cabrera fez o jogo da sua vida ao vencer o Troféu Lâncome, no Open de Paris. “Foi um dos melhores jogos da minha vida e o Ángel Cabrera não fez quase nada nesse dia. Na altura nem sabia o nome dele porque ainda não era muito conhecido”, afirma com um sorriso. Kim também jogou com Kaymer e com Santiago Luna, que diz ser “muito simpático”.
De resto aquilo que faz é jogar sem pressões, de preferência numa ilha que considera ser o sítio ideal para viver, para criar os filhos, e cuja cultura admira.
Artigo escrito por Sara Moura ao abrigo da parceria entre a Revista GOLFE Portugal & Islands com o Jornal SOL.