Morreu o pintor português António Costa Pinheiro

O artista plástico António Costa Pinheiro, um dos fundadores, em 1958, do grupo KWY, morreu na sexta-feira, na Alemanha, vítima de pneumonia, disse hoje à Lusa o galerista português Mário Roque.

Uma das últimas intervenções em espaço público do artista plástico, em Portugal, foi na estação de Metro da Alameda, em Lisboa, com painéis de azulejo sob o tema "Os descobridores".

Entre os seus trabalhos destacam-se igualmente os painéis dedicados a Fernando Pessoa e aos seus heterónimos.

António Costa Pinheiro nasceu em Moura, em 1932, e fixou-se com os pais, em Lisboa, aos 10 anos, tendo frequentado o Liceu Camões, e a Escola de Artes Decorativas António Arroio, seguindo-se, mais tarde, a Academia de Belas Artes de Munique, na Alemanha.

A primeira exposição individual de António Costa Pinheiro realizou-se em Lisboa, em 1956, na Galeria Pórtico.

Nessa altura, acompanhava um núcleo de artistas mais velhor, entre os quais se destacavam Fernando Lemos, de raiz modernista, e Fernando Azevedo e Vespeira, do Grupo Surrealista de Lisboa.

A partida para a Alemanha, em 1957, verificou-se depois do serviço militar, juntando-se em Munique a René Bertholo e Lourdes Castro, com quem expôs na Galeria 17 e na Internationales Haus.

Foi já na Alemanha que cofundou o grupo KWY, com René Bertholo, Lourdes Castro, João Vieira, José Escada, Gonçalo Duarte, Jan Voss e Christo.

As três letras que, à data, não integravam o alfabeto português, KWY, foram aproveitadas pelos artistas para a composição da frase irónica "ká wamos yndo".

No início da década de 1960, quando era bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris, participou na exposição do grupo KWY na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, que é apontada pelos historiadores de arte portuguesa como um dos marcos do "início dos anos 60" em Portugal.

Em 2001, o grupo KWY foi novamente alvo de retrospetiva, numa exposição do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

Costa Pinheiro expôs em diferentes instituições internacionais, entre as quais a Galeria Kunst + Kommunikation, em Munique, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a Casa de Serralves, no Porto.

Recebeu, entre outros, o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso.

Lusa/SOL