Quando o PS estiver próximo do PSD

Há por aí quem queira deitar por terra a hipótese de maioria de esquerda, afirmando que o PS está mais próximo do PSD do que do PCP ou Bloco de Esquerda.

Não vejo a coisa assim tão linear. Historicamente, sim, é evidente que está. Mas hoje, com Passos Coelho à frente do PSD, este partido virou tão radicalmente à direita – que só aí poderá procurar aliados es por menos do que seria de esperar (mas apesar de ter perdido as eleiçe afirmam ateus e meteu um crucifixo no bolso para enganà sua medida. Ou então, para uma dupla formada com Portas, é preciso alguém tão publicamente desacreditado como Portas.

Já realmente Marcelo Rebelo de Sousa está mais próximo do PS do que qualquer dirigente do PCP ou do BE.

Eu diria que, para se aliar a Passos, o PS necessitaria de um Sócrates (parecem-me demasiado semelhantes como pessoas e como políticos – cursos tardios, universidades manhosas, falta de profissões realmente civis…). Qualquer outro dirigente socialista dificilmente conviverá com Passos.

Mas também acho que o PSD só ganharia em varrer Passos e o ´passismo´ da sua liderança. Claro que os que se acolheram à sua sombra, para não atravessarem o deserto, devem ser vistos como no PS os que se acolheram à sombra de Sócrates.

Outra coisa: já festejei a notícia de que Sérgio Sousa Pinto abandonou a direção do PS (apesar de eu não ser do PS, mas por simples gosto de higiene política). Ele, claro, como Sócrates, se tivesse categoria para tanto (mas não tem, como se viu nos tiros que deu contra o ‘seu’ PS no programa de Ricardo Araújo Pereira, na TVI), também daria um bom aliado de Passos.

Entretanto, vi haver quem queira dar a Passos um estatuto de grande ator, que explicaria o seu sucesso eleitoral. Como simples espetador, não gosto de atores que colocam a voz como ele. E que, na sua vida real, se afirmam ateus e metem um crucifixo no bolso para enganarem incautos. De resto, o verdadeiro veredicto sobre a sua falta de qualidade como ator, apesar de ter perdido as eleições por menos do que seria de esperar (mas ainda assim desceu muito) foi o ‘especialista’ La Féria, quando o rejeitou para o palco.

Entretanto, sem nunca querer ser demasiado coerente, mas detestando também a incoerência excessiva, noto com um pouco de humor como os dirigentes da coligação dizem desde a pré-campanha eleitoral que Portugal vai economicamente no bom caminho. Conclusão: os chumbos do Tribunal Constitucional foram realmente úteis – se não o caminho seria outro.