Na mitologia contemporânea, o Ironman é um homem enclausurado numa armadura de ferro hipertecnológica que combate severas ameaças à segurança – dele e dos outros – a nível mundial. Na realidade, o Ironman é aquele que, com os pés bem assentes na terra ou nos pedais e o corpo bem flutuante na água, percorre distâncias que parecem humanamente impossíveis.
Rafael Nacif pertence a esta segunda categoria de Ironman. Desde cedo gostou de desportos e recentemente caiu de amores por esta modalidade extrema de triatlo. «A maior prova que fiz foi o chamado Ironman 70.3 que é de 1900 m de natação, 90km de ciclismo e 21km de corrida. Não compito contra ninguém a não ser eu mesmo. São momentos de grande reflexão e auto-superação. A ultima prova que fiz foi em Cascais no dia 27 de setembro», diz à Tabu. «Sempre fui uma pessoa ativa. Sempre gostei de competir em eventos desportivos, não só de triatlo mas de qualquer modalidade que esteja a praticar no momento».
Brasileiro de Minas Gerais (Belo Horizonte), percorreu meio mundo e assentou arraiais em Portugal de há dois anos a esta parte. Mas esse trajeto por vários países não foi feito em provas desportivas. Nacif é um empresário que se especializou, mas de maneira totalmente diferente ao que dizem os canhenhos da especialização – é um multi-tasking. «Hoje em dia invisto em várias áreas, desde agricultura até o setor de eletricidade. Tenho mais familiaridade no setor turístico, desde hotéis até apartamentos para alojamento local. Comecei a investir há vários anos no Brasil mas como desde cedo sempre morei em outros países, levei esta paixão comigo e fui entrando em pequenos investimentos, bem pequenos mesmo, até apreender um pouco mais e ir aumentando».
Se o pequeno é o novo grande, vencemos no paradoxo. A Rafael Nacif não escapou nem uma plantação de bambu na Nicarágua, além de todos os setores que já enumerou. As áreas de investimento agrupam-se numa holding portuguesa, a Patagora. No setor turístico, está presente em Portugal, Cabo Verde, França e Reino Unido, e noutras áreas de investimento, estende-se à África do Sul (outra plantação de bambu), ao seu Brasil natal – com um programa de construção de casas para pessoas de baixo rendimento, que se enquadram no programa Minha Casa, Minha Vida, do governo brasileiro – e ao Canadá, com um sistema de dados para diagnóstico de saúde.
A responsabilidade social é, aliás, um dos conceitos-chave para entender o trajeto do empresário, que passou pelos EUA, pelo Canadá e pela Suíça antes de se fixar em Cascais. Outro projeto a seguir chama-se Corredores do Reino, em Moçambique: «Acredito sinceramente que a melhor ajuda que podemos dar a uma pessoa é ajudando-a a evoluir e criar condições para que cresça de forma autónoma», sentencia. O projeto centra-se em Nampula, onde várias pessoas «fazem um belo trabalho, ajudando as crianças e as suas famílias a saírem da miséria, através da educação e do desporto». Mas há que não esquecer São Tomé, com um programa semelhante.
A responsabilidade conjuga-se com o sucesso e a globalização. Sempre. E a receita, dita assim, parece simples: «Acredito que temos que expandir os nossos horizontes e crescer. Uma empresa portuguesa para ter sucesso tem que vender para fora, tem que pensar grande. Ser global já não é mais um mito mas sim uma necessidade».