Leonor e Tomás Bessa tornaram-se este domingo no quinto par na história do golfe português a sagrar-se bicampeão nacional de pares mistos, revalidando no Estádio Nacional o título conquistado há um ano no Lisbon Sports Club, em Belas.
Os irmãos do Club de Golf de Miramar (em Vila Nova de Gaia) somaram 120 pancadas, 16 abaixo do Par do campo público do Jamor, em Oeiras, depois de duas voltas em 60 (-8).
Um triunfo por 2 pancadas sobre a formação constituída por Rita Félix, do Estela Golf Club (na Póvoa de Varzim) e Gonçalo Costa, do Lisbon, que apresentaram cartões de 60 e 62.
Os vice-campeões nacionais colideraram o torneio aos 18 buracos e deram muita luta até ao fim. Gonçalo Costa perseguia o seu terceiro título na competição, depois dos averbados em 2011 (com Barbara Neto-Bradley) e em 2013 (com Susana Ribeiro).
O 3º lugar no torneio deste ano foi para Joana Silveira e Pedro Lencart, também de Miramar, que apresentaram voltas de 64 e 59, conseguindo hoje os melhores 18 buracos do torneio, em 9 abaixo do Par. No ano passado, Silveira e Lencart tinham partilhado o 2º posto com Susana Ribeiro e Gonçalo Costa.
Irmãos Bessa igualam registos históricos
Nem o Furacão Joaquim, vindo dos Estados Unidos, que passou pelos Açores e chegou a Lisboa como tempestade tropical, travou a 25ª edição do Campeonato Nacional de Pares Mistos e as escassas oito equipas em prova mostraram um nível médio/elevado de jogo, com 5 delas a baterem o Par do campo público do Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor.
Não havia uma dupla bicampeã nacional de pares mistos desde Magda Carrilho e Miguel Gaspar em 2008 e 2009. Antes deles aconteceram bicampeonatos de Marta Vasconcelos e Tiago Rodrigues em 2004 e 2005, Branca Ferreira e Alexandre Barroso em 1995 e 1996. Só houve uma equipa tricampeã, a de Sofia Pimenta e Ricardo Oliveira entre 2000 e 2002.
"Estamos felizes por termos conseguido, era importante para nós e para os nossos pais também", disse Leonor Bessa, que juntou este troféu aos alcançados em 2015 na Taça FPG/BPI (Major amador nacional) no Estela Golf Club, no Campeonato Nacional de sub-18 no Oporto Golf Club, no Campeonato Nacional de Clubes (onde também foi bicampeã ao serviço de Miramar) no golfe do Morgado e no 3º Torneio do Circuito Liberty Seguros em Montebelo. Foi o seu 5º título do ano em torneios do calendário da FPG.
Para Tomás Bessa, este sucesso adicionou-se aos obtidos no Campeonato Nacional de Pares em Santo Estêvão (ao lado de Renato Ferreira).
Atrair mais competidores
Na cerimónia de entrega de prémios, Tomás Bessa falou em nome da equipa, agradeceu à família do Gonçalo Costa (seu amigo e rival) tê-lo acolhido (e à sua irmã) em sua casa durante estes dias (os irmãos são do Norte) e dedicou o título ao pai, António Bessa, um entusiasta do golfe e deste Campeonato Nacional de Pares Mistos em particular.
O momento alto da cerimónia veio, contudo, do discurso do diretor-técnico nacional, João Coutinho, que lamentou a presença de apenas oito pares, poucos mas bons, solicitando a ajuda da comunidade golfística portuguesa para resolver o problema.
"Já tivemos o regulamento deste torneio com voltas em foursomes, com voltas em foursomes e em fourball, este ano optámos pela primeira vez por duas voltas em fourball por ser mais atrativo e continuamos apenas com oito equipas", sublinhou João Coutinho.
"Queremos mais, sabemos que decorre também de não haver muitas senhoras a jogar golfe, mas peço a todos os jogadores que estão aqui que nos ajudem. Todos têm o meu e-mail, o meu telefone, deem-nos sugestões, pois precisamos de mais equipas a jogar este torneio", disse o também diretor de campeonatos da FPG.
Um exemplo que deve ser salientado é o de Paula Saúde, a campeã nacional de mid-amateur (escalão etário de mais de 30 anos), que competiu ao lado de Alexandre Castelo, que este ano jogou o Campeonato Nacional de sub-14.
Este par terminou no 6º posto e mostrando que é possível uma combinação de experiência e juventude muito produtiva para ambos.
Também a composição de Leonor Medeiros com Lucas Azinheiro, jovens dos escalões de sub-12 e sub-14, respetivamente, mostra que é um torneio aberto a todas as idades.
"Tem a ver com a mentalidade das pessoas, porque há mais senhoras a jogar do que as que estão aqui. Essas pessoas (ausentes) não colocam uma importância tão grande neste torneio, porque é mais um fim de semana, é mais tempo (que se perde), mas, como já disse, este torneio é um Campeonato Nacional e como o meu pai costuma dizer, nem que seja do berlinde é um Campeonato Nacional. Essa decisão parte de cada um e eu espero jogar todos os anos que possa porque há outro espírito, é outro tipo de jogo e é ótimo", referiu a melhora amadora nacional, Leonor Bessa.
"Acho que também tem a ver com o número reduzido de senhoras a jogar em Portugal. Talvez as previsões meteorológicas para este fim de semana não tenham chamado muitas pessoas, mas acho que é pela falta de senhoras, porque com mais teríamos mais pares mistos a jogar", afiançou, por seu lado, Tomás Bessa, que este ano foi chamado pela FPG para competir numa etapa do European Tour, o Madeira Islands Open BPI.
Declarações dos campeões
Leonor Bessa: "Este era o nosso principal objetivo (revalidar o título) e também, como o meu irmão já referiu (no discurso oficial), o meu pai dá importância a este torneio por sermos irmãos e por ser bonito. Para nós é uma forma de finalizarmos a época de forma positiva e ficarmos com mais garra e mais felizes para prepararmos a próxima época. É mais uma vitória e um Campeonato Nacional é sempre um Campeonato Nacional. No ano passado e neste ano foram campos diferentes. Este campo é bastante mais acessível do que o Lisbon, o facto de jogarmos dois dias de fourball facilitou por ser uma modalidade que perdoa mais os erros. Jogámos de forma regular, o Tomás hoje jogou melhor do que eu e é mesmo assim, é preciso cobrir os erros do outro".
Tomás Bessa: "É uma modalidade da qual se espera um maior número de birdies do que o foursomes. A estratégia não é diferente e hoje ganhámos foi na regularidade. Ontem só cometemos um erro, no buraco 6, com 1 bogey, o que em fourball é bastante mau, tendo em conta que é num Par-5, mas hoje jogámos bem, regulares do início ao fim, com putts importantes em alturas importantes. Esse foi o segredo, tivemos a sorte connosco nos momentos importantes do jogo. No golfe, até ao último buraco nunca se pode dar um torneio como ganho ou como perdido. O Gonçalo e a Rita estiveram sempre atrás de nós a (apenas) 1 pancada ou 2, houve uma altura em que estiveram a 3 mas reduziram logo para 2, portanto, foi sempre muito renhido, muito difícil, houve muitos buracos empatados a birdie, sobretudo nos segundos nove, tivemos de jogar o nosso melhor. Por isso é que chegámos ao fim com esta alegria.
Artigo escrito por Hugo Ribeiro ao abrigo da parceria entre a Federação Portuguesa de Golfe com o Jornal SOL.
