A galeria de arte Walker, de Liverpool, no Reino Unido, vai expor a partir de 24 de outubro uma grande coleção de vestidos de várias épocas e estilos. Mas não são de diversos colecionadores ou de uma senhora que os foi guardando. São de Peter Farrer, um inglês de quase 90 anos que é cross-dresser (gosta de vestir roupa de mulher) desde os 14.
Ainda mal tinha rebentado a Segunda Guerra Mundial quando em 1940 Peter, então com 14 anos, começou a pôr em prática o seu fascínio por roupa feminina, que começou a usar em casa. 75 anos depois, a sua enorme coleção de vestidos e outras peças vai poder ser vista em Liverpool, a cidade onde viveu a maior parte da sua vida.
A exposição 'Transformação: o guarda-roupa de um homem cross-dresser' estará patente entre 24 de outubro e fevereiro do próximo ano e está integrada no festival Homotopia, ligado à comunidade LGBT, que acontece anualmente em Liverpool. Grande parte das peças apresentadas na galeria Walker são vestidos de noite, bastante elaborados, percorrendo épocas desde os anos 30 até à década de 80 do séc. XX.
Peter Farrer nasceu em 1926, no Surrey, e teve uma vida ‘convencional’ como qualquer outro homem. Esteve três anos no exército, trabalhou como inspetor fiscal até se reformar, foi casado duas vezes e tem um filho. Paralelamente, gostava de vestir-se de mulher e comprava roupa pelo correio, discretamente, ou em grandes lojas onde se sentisse mais à vontade.
A partir do ano 2000 começou a expandir a sua coleção, comprando muitos vestidos de tafetá, saias, blusas e roupa interior de senhora. Muitas peças vieram da empresa britânica Kentucky Woman, muito voltada para a comunidade transgénero e de cross-dressers. Algumas das peças apresentadas na galeria Walker foram desenhadas por Peter Farrer, sendo feitas pela criadora Sandi Hall especificamente para ele.