"A Grécia, guardiã das fronteiras europeias no Egeu e no Mediterrâneo, nunca pensou pedir à sua marinha de guerra ou em geral às suas forças armadas para enfrentarem os refugiados de guerra", indica um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"A Grécia não pode discutir ideias sem precedente, publicadas recentemente, como as [que sugerem] patrulhas grego-turcas das fronteiras marítimas", prossegue o texto.
Este comunicado responde "às declarações na segunda-feira do porta-voz da chancelaria alemã [Steffen Seibert] sobre a necessidade de enfrentar de forma 'coordenada' a questão migratória e a situação no Egeu".
"Temos neste momento, em particular no mar Egeu entre a Grécia e a Turquia, uma situação onde os traficantes podem atuar como entendem", indicou na segunda-feira Steffen Seibert, sublinhando que esta situação "coloca muita gente em perigo de morte".
Apesar das disputas entre Atenas e Ancara em torno da plataforma continental do Egeu, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sublinhou no entanto que o Governo grego está preparado para colaborar com a Turquia no combate às redes de tráfico humano, mas "de forma coordenada no âmbito da troca de informações e de aplicação do tratado bilateral sobre a readmissão pela Turquia dos refugiados que chegam [ilegalmente] à Grécia".
Esta tarde decorreu em Atenas uma reunião interministerial na presença do primeiro-ministro Alexis Tsipras sobre a questão migratória.
Mais de 400 mil refugiados, sobretudo sírios e afegãos, chegaram à Grécia desde o início de janeiro, enquanto dezenas morreram afogados ao tentarem a travessia a partir das costas turcas.
No total, 710 mil entraram na UE através da Grécia e Itália durante o mesmo período, segundo os dados da Agência europeia de vigilância das fonteiras (Frontex).
A questão migratória tem provocado profundas divisões no interior da UE, que tenta regulamentar a repartição dos migrantes entre os seus Estados-membros, ou limitar o fluxo.
Lusa/SOL