Na verdade, o que interessa o que eu penso? No meu íntimo, gostaria de ver afastados Passos, Portas e Costa, para os respetivos partidos reaparecerem na sua verdade programática constituinte. Mas também sou dos que gostava de ver arrasado de vez o muro construído em Novembro de 75.
O espetáculo que me é dado ver só me dá razões para não gostar de Passos. Primeiro foi o curso tardio, numa Universidade que a mim parece um pouco manhosa; depois, a falta de experiência profissional que o fizesse perceber os problemas dos portugueses que trabalham; o horrível da traficância de influências e de toda uma vida de jota; a indiferença com que seguiu políticas que escusavam de ser tão duras, podendo até ter melhores efeitos na sua própria perspectiva (suoponho que Centeno, tão do agrado de Cavaco, lhe poderia ensinar isso, com um bocadinho mais de competência do que Albuquerque); e o ser ateu de boca com o crucifixo eleitoral no bolso; e o estar agora tão agarrado às mordomias de governo (ele e Portas), que querem até a incumbência de formar um Executivo, mesmo que seja para chumbar. É pouco provável ver gente desta afastar-se e dar lugar a melhores. Eles detestam melhores.
Claro que ouvindo ontem os PàF e os PS, no fim da sua reunião, parecia falar-se de reuniões distintas. Passos já mentiu tanto, que dificilmente acredito nele. Em Costa acredito mais, mas prefiro vê-lo pelas costas, depois da vitória ‘tão poucochinha’ (na sua própria opinião, obviamente expressa depois de seguro ganhar melhor as europeias) nestas eleições, que se fala em derrota (quandoquem realmente perdeu muito foram os PàF). E vamos lá ver amanhã a distribuição dos deputados pela imigração, para confirmar se o PSD sempre tem o maior grupo parlamentar (de qualquer modo, nunca muito maior do que o do PS, ou vice-versa).
Reconheço que Costa não pôs o eleitorado perante a possibilidade de um Executivo com o PP e o BE. Também é verdade que não o excluiu. Excluiu, isso sim, não votar contra o Orçamento da PàF.
Imagino Cavaco em Belém, todo encrespado, já sem certezas de nada, arrependido de ter tido certezas pós-eleitorais – o que já segundo Sócrates (o filósofo grego) e Platão, o ter assim certezas, é muito impróprio de inteligências desenvoltas. Enfim, lá estará enrolado nas suas certezas. Só queria recordar que as políticas sociais, apesar do que a cartilha de moda por aí diz, são agora mais fáceis de seguir do que no seu lançamento, quando os países estavam de rastos, depois da II Guerra.