Vi-as, às castanhas, pela primeira vez este ano letivo, já a ocuparam muitos locais eesquinas, no passado e pós-eleitoral dia 5 (a tal data em que se comemorava a implantação da República, e que deixou de ser feriado com este Governo, com a desculpa de um aumento de produtividade que pessoas menos atentas à Economia descobrem assim). Foi o primeiro dia em que vi os fumos a subirem por aí, esenti o cheiro a castanhas assadas. Lembrei-me logo do fado: «Cheira a castanha assada se está frio / E a fruta madura se é Verão». Porque realmente as castanhas apareceram num dia feioso e chuvento (hoje já está mais solarengo, mas elas naturalmente ficaram). E hão-de ser substituídas, suponho que nos mesmos carros e nas exatas esquinas, pela dita fruta madura, quando a Primavera estiver já aí bem instalada – e a crise política ultrapassada, ou mais vincada).
Suponho que estas coisas obedecem mais a datas estritas do que à meteorologia (tal e qualmente o Governo, que Passos quer tentar, mesmo em minoria, e chutando para canto os pruridos maioritários do Presidente, satisfazendo assim uns quantos irredutíveis da Direita que andam aí pela imprensa e não só). Mas para mim,lisboeta, o tempo e as castanhas estarão sempre associados, como na realidade têm estado. O problema é ser cada vez mais difícil achá-las boas. Nos últimos anos tenho-me deliciado com as das Amoreiras. Continuarão este ano a valer a pena? Pelo menos para nos distraírem da política? Pois veremos.