Golfe: Ricardo Melo Gouveia joga ao lado do seleccionador da Europa

Em 2005 o malogrado Severiano Ballesteros viu jogar Filipe Lima e disse que não estaria fora de equação convocá-lo para o Seve Trophy. Dez anos depois Ricardo Melo Gouveia poderá provocar o olhar do selecionador europeu da Ryder Cup e fazê-lo pensar numa convocação para o duelo com os Estados Unidos em 2016.

Poderá parecer prematuro e descabido, mas quem imaginaria há um ano que o melhor português no ranking mundial (123º) estaria hoje bem plantado no top-60 do ranking olímpico que dá acesso aos Jogos do Rio em 2016?

Ricardo Melo Gouveia jogou a última volta do Portugal Masters do ano passado no mesmo grupo do irlandês Paul McGinley, que tinha terminado semanas antes o seu mandato de capitão da Europa na Ryder Cup.

Volvidos 12 meses, de novo no principal torneio português, de 2 milhões de euros em prémios monetários, o profissional algarvio do Guardian Bom Sucesso Resort vai atuar ao lado do atual capitão europeu da Ryder Cup, outro irlandês, Darren Clarke, senhor de um fabuloso palmarés, que inclui um título do Grand Slam e quatro vitórias na Ryder Cup.

Clarke é, aliás, um dos quatro vencedores de Majors presentes de hoje a domingo no Oceânico Victoria Golf Course, em Vilamoura, a par do seu compatriota Padraig Harrington, do escocês Paul Lawrie e do alemão Martin Kaymer, que foi n.º1 mundial em 2011.

«É sempre bom jogar com jogadores de alto gabarito, é sempre bom para ganhar experiência, mas, sabendo que vai estar ali o capitão na próxima Ryder Cup, que naturalmente presta grande atenção a todos os jogadores, não me posso deixar levar por esse facto, não posso deixar que afete o meu jogo», declarou Melo Gouveia que, em entrevista exclusiva à agência Lusa acrescentou: «Vou tentar não pôr as expectativas muito altas, vou concentrar-me nos meus objetivos, mas o meu objetivo é sair daqui com a vitória no final da semana».

Se Ricardo Melo Gouveia é o atual 2º classificado no ranking do Challenge Tour, a segunda divisão europeia, e já tem assegurado a subida à primeira divisão (European Tour), Ricardo Santos encontra-se em situação inversa.

Enquanto o seu irmão mais velho, Hugo Santos, viajou à Bulgária para tentar revalidar o título de campeão europeu de profissionais de clube, Ricardo está a lutar pela manutenção no European Tour, onde é o 180º da Corrida para o Dubai.

Só o top-110 garante todos os direitos para a próxima época, embora do 111º ao 120º ainda se consiga jogar em muitos torneios do European Tour.

De acordo com o press officer do European Tour, Paul Symes, Ricardo «precisa de terminar o Portugal Masters mesmo no topo» para atingir esse objetivo, sendo o topo um dos dois primeiros lugares. Claro que a vitória dar-lhe-ia logo uma isenção de dois anos no European Tour.

Numa conferência de Imprensa em que manifestou todo o seu bom humor, o melhor golfista português de sempre, que sabe o que é vencer um torneio do European Tour “em casa” desde o Madeira Islands Open de 2012, admitiu que fazê-lo no campo que ele próprio representa seria «um sonho».

«Seria um sonho ganhar este torneio. Se me perguntarem qual é o sonho de torneio para vencer, tirando um dos grandes, seria este sem dúvida alguma. É o maior torneio nacional, um dos maiores europeus, tem vindo a crescer ao longo dos tempos, com o povo português, amigos e familiares a apoiar, é uma semana bastante especial. Nasci aqui, cresci aqui, Sou daqui», disse o único português a ter figurado no top-10 da Corrida para o Dubai.

À agência Lusa, Ricardo Santos considerou que «para qualquer português é possível fazer melhor do que o 16º lugar» que alcançou há três anos, o recorde nacional no Portugal Masters e acrescentou: «Espero que aconteça esta semana. Se for eu ótimo, se for outro português também ótimo. Os recordes existem para se bater», afirmou.

Se as coisas não lhe correrem de feição, o algarvio de 32 anos tem um plano B, «jogar a Final da Escola de Qualificação», onde o top-25 se apura para o circuito principal.

Mas Paul Symes alerta ainda para uma terceira hipótese, da qual não se tem falado: «Este torneio dá 6 vagas para o Open de Hong Kong da próxima semana a jogadores que ainda não tenham conseguido a entrada direta, mas para isso é preciso terminar no top-10 do Portugal Masters».

Por outras palavras, se o nº2 português quebrar o seu próprio recorde no torneio e terminar o torneio do Turismo de Portugal no top-10, irá ainda jogar em Hong Kong na próxima semana, onde terá nova oportunidade de renovar o cartão para o European Tour de 2016.

Os outros portugueses a disputar o 9º Portugal Masters, que amanhã começa às 8 horas são os profissionais Filipe Lima, Tiago Cruz, Pedro Figueiredo, João Carlota, e os amadores Tomás Silva e Vítor Lopes.

Filipe Lima, o nº3 português, garantiu hoje que a lesão que o travou há umas semanas, impedindo-o de participar no Campeonato Nacional Solverde, está debelada: «As costas estão ótimas».

Tiago Cruz, o 4º português no ranking mundial e atual bicampeão nacional, sente-se em forma: «Nos últimos meses tenho jogado bem, não só pelo resultado que fiz na Madeira (primeiro top-10 no European Tour), mas por ter sido campeão nacional, por ter passado a Primeira Fase da Escola de Qualificação do European Tour (no Ribagolfe-1), e espero que isso continue esta semana. Quero jogar com calma, para mostrar o que sei, sem sentir pressões extras».

Tiago Cruz não foi convidado a jogar o Pro-Am de hoje (quarta-feira). Só três portugueses tiveram esse privilégio e Filipe Lima foi o melhor. Liderou uma das equipas do Turismo de Portugal, com os amadores James Wilde, Arto Saari e Mark Vandenberghe, somando 58 pancadas, que lhe deu o 8º lugar.

Foram apenas 2 pancadas a menos do que a equipa vencedora, encabeçada pelo dinamarquês Thorbjorn Olesen, que totalizou 56, 15 abaixo do Par.

O recente campeão do prestigiado Alfred Dunhill Links Championship, na Escócia (onde jogou com o surfista Kelly Slater) emparceirou em Vilamoura com os amadores Brian Smith, Andrew Stanley e Keith Mitchell, em representação do Golf Channel, o canal de transmite o Portugal Masters nos Estados Unidos.

Houve um total de 42 equipas em campo, num glorioso dia de sol e calor e o prémio de todos os jogadores foi doado à SIC Esperança, a IPSS oficial do Portugal Masters de 2015.

Ricardo Melo Gouveia foi 26º (61 pancadas), representando o Turismo de Portugal com Maria Barreto, José Carlos Agrellos e Eduardo Romano.

Ricardo Santos foi 32º (63) na equipa da Oceânico Golf que incluiu Joel Pais, João Silva e Declan Guilligan.

Entre os muitos amadores presentes, destacaram-se António Pires de Lima (ministro da Economia), Manuel Violas (Solverde e UNICER), João Pedro Oliveira e Costa (BPI), Ricardo Pereira (antigo guarda-redes da seleção nacional), Humberto Coelho (ex-selecionador nacional de futebol), Joaquim Oliveira (Olivedesportos), Nuno Ferreira (SportTV), Chris Howell (Oceânico Golfe) e Olivier Costa (cozinheiro).

O ministro da Economia, António Pires de Lima, teve o privilégio de jogar com o profissional que ostenta o melhor palmarés do Portugal Masters, o irlandês Padraig Harrington, o único a ter ganho três Majors, para além de ter sido top-10 mundial e de triunfar em quatro edições da Ryder Cup.

Para além dos já mencionados quatro jogadores que já ganharam torneios do Grand Slam, são ainda de salientar ãs presenças em Vilamoura de três jogadores que integram o top-60 do ranking mundial (Kaymer, Marc Warren e Bernd Wiesberger) e quatro antigos campeões do Portugal Masters (Alvaro Quiros, Richard Green, Tom Lewis e Alexander Levy que defende o título).

Artigo escrito por Hugo Ribeiro ao abrigo da parceria entre a Federação Portuguesa de Golfe com o Jornal SOL.