A diferença entre nós e os nossos parentes afastados parece ser apenas que estes últimos não sofriam de insónias, já que também dormiam em média entre 5,7 e 7,1 horas diárias. Para os cientistas, mais do que a luz ou outros fatores, parece ser a temperatura a variável crucial para o bom sono: “Provámos que a temperatura é um fator muito importante para o sono”, considerava Jerome Siegel, investigador principal do grupo, citado pelo diário espanhol Público. “Talvez poderemos manipular a temperatura para ajudar as pessoas com dificuldades em dormir”.
A importância desta variável surgiu quando os cientistas, que estudaram os hábitos de duas comunidades africanas (os hadza da Tanzânia e os san da Namíbia) e uma sul-americana (os chimanes da Bolívia), perceberam que estes indivíduos vão deitar-se, em média, mais de três horas depois do sol-posto. Ao contrário da ideia geral que se tinha dos hábitos de sono antigos, o pôr-do-sol não era o barómetro para entrarmos no vale dos lençóis. Os indivíduos destas comunidades parecem seguir outro guia para o sono: as horas em que as temperaturas descem.
Mas a equipa chegou ainda a outras conclusões: “Os curtos ciclos de sono destas populações desafiam a crença de que se dorme muito menos no mundo moderno”, diz Siegel. “E isto desafia a ideia de que precisamos de comprimidos para dormir pelo facto de os nossos níveis naturais de sono se terem reduzido devido ao uso da televisão ou da internet, por exemplo”.