Apesar do inquérito da Metroscopia indicar que o PP do atual primeiro-ministro Mariano Rajoy se prepara para perder quase metade dos 10,8 milhões de votos alcançados em 2011 (teve 44,6% e está agora com 23,4%), nem tudo são más notícias para os populares: há apenas três meses era a esquerda do Podemos que ameaçava um empate técnico com populares e socialistas, apontando para uma coligação pós-eleitoral de esquerdas.
A ascensão do Ciudadanos – partido que depois das eleições autonómicas acabou por permitir que um PP minoritário se mantivesse no poder em quatro regiões, incluindo Madrid – representa uma nova esperança para o poder vigente. Mas há dois obstáculos entre Rajoy e esta solução: por um lado, a faceta de movimento de cidadania do partido de Rivera inclui um “pacto anticorrupção” que exige negociar potenciais coligações apenas com candidatos escolhidos em primárias; por outro, existe neste novo partido uma forte resistência à figura do atual chefe de Governo.
Membros da direção nacional do PP declararam ao El País estarem dispostos a “negociar qualquer coisa” menos “permitir que sejam eles a escolher o candidato” dos populares. Ciente do papel decisivo que poderá ter no pós-20 de dezembro, Rivera não mostra intenções de ceder: “Se o PP não fez primárias não as vamos fazer por eles. Mas também não chegámos até aqui para Rajoy ser primeiro-ministro”, afirmou na segunda-feira, após celebrar pela primeira vez junto ao Rei o Dia de Espanha.
Mais fácil parece o caminho do socialista Pedro Sánchez rumo ao Palácio da Moncloa: apesar de não conseguir descolar nas sondagens (segue com menos 5% do que o obtido na derrota de 2011) tem no Ciudadanos e no Podemos duas hipóteses de coligação que não deseja descartar. “Os espanhóis mostram que não querem mudar de uma maioria absoluta para outra, mas sim para políticos com capacidade de diálogo. E essa tem-na o PSOE”.