Naquele que é o local sul-americano mais perto de África, "o objetivo é obter dados que permitam ter conclusões sobre aquela zona de formação da crosta terrestre, e perceber eventos sísmicos através do GPS. Normalmente não são sismos de grande amplitude, mas há muitos sismos", afirmou Rui Fernandes à Lusa.
O cientista é diretor do SEGAL, laboratório de análises da Universidade da Beira Interior e do Instituto Geofísico D. Luís para as Ciências Geo-Espaciais, que lidera o projeto de instalação do equipamento no arquipélago em colaboração com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no nordeste do Brasil.
A viagem para o arquipélago brasileiro tem início a 22 e conta com apoio logístico da Marinha brasileira. O regresso do investigador está previsto para o dia 31 deste mês.
O arquipélago São Pedro e São Paulo é o ponto do Brasil mais próximo de África, a 1.100 quilómetros da costa brasileira e a 1.820 quilómetros da Guiné-Bissau, localizado no limite das placas tectónicas sul-americana e africana.
A estação permanente de GNSS ("Global Navigation Satellite System") que será instalada no arquipélago pelo investigador permitirá a obtenção de dados para análises de processos geofísicos, oceânicos e atmosféricos.
Os estudos permitirão, segundo Rui Fernandes, a caracterização contínua de diversos fenómenos naturais.
Outro objetivo da análise, segundo Fernandes, é estudar a influência dos fenómenos do Atlântico Sul sobre o clima do nordeste brasileiro e de toda América do Sul, como parte de um projeto de análise de deformações na placa tectónica sul-americana, feito em colaboração com cientistas do Rio Grande do Norte, de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, e da Colômbia.
A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, idealizada por Artur de Sacadura Freire Cabral e Gago Coutinho, em 1922, incluiu uma paragem no arquipélago de São Pedro e São Paulo após passagens pelas ilhas Canárias e São Vicente, em Cabo Verde.
Lusa/SOL