Marcelo Rebelo de Sousa

Tinha há muito definido o seu calendário presidencial e avançou como quis e quando quis, sem dependências institucionais ou partidárias. Fez um excelente discurso de lançamento em Celorico de Basto, sem as formalidades convencionais, simples na forma mas com superior conteúdo político, norteado pelo valor da liberdade individual e tendo como prioridade as desigualdades sociais. No domingo, a sua afetiva e divertida despedida da TVI valeu por vários tempos de antena. E, depois de ter neutralizado eventuais concorrentes no centro-direita, arrisca-se a vencer as presidenciais à 1.ª volta.

Maria de Belém

Não se deixou condicionar com a candidatura oficiosa e esquerdista já em andamento de Sampaio da Nóvoa, nem com a patente discordância de António Costa. Ocupou o terreno, conseguiu apoios de alguns históricos do PS, obrigou Costa a declarar a sua neutralidade (e a do partido) face às várias candidaturas e vai dirigir a campanha ao eleitorado mais central. O seu lançamento no CCB acabou por ser um ato sem brilho nem entusiasmo e politicamente anódino. Mas vai disputar com Nóvoa (para lá das votações minoritárias nos funcionários/candidatos do PCP e do BE) o primeiro lugar à esquerda.

Fernando Santos

Chegou há um ano ao comando da Seleção e somou um recorde de sete vitórias consecutivas em jogos oficiais, que deram a Portugal o primeiro lugar do grupo e uma qualificação tranquila. É certo que foram todas elas vitórias mínimas e que o nível exibicional da Seleção não encanta nem entusiasma. Mas parece ter a estrelinha da sorte, o que já não é pouco. E Portugal garantiu que será um dos seis cabeças-de-série no Euro-2016.

& SOMBRA

António Costa

Eis o espetáculo de um líder derrotado a fazer uma desesperada jogada de bastidores, na tentativa de salvar o seu futuro político. Batota eleitoral, encenação descarada, farsa negocial – o líder do PS dispôs-se a ouvir tudo isto e ainda pior. Como ser um político sem escrúpulos que, após ter usurpado o cargo a Seguro, quer usurpar o lugar de primeiro-ministro a Passos. Poucos conti- nuarão a olhá-lo com um mínimo de confiança. E, passada a aventura, o PS será um partido estilhaçado.