Coelhas da cartola

Nada de novo no que se segue: o mundo muda todos os dias –  mas há sempre um dia em que muda um pouco mais que em todos os outros, e que recicla máximas com sapientes barbas mas rosto sempre jovem: «As coisas já não são o que eram».

Uma das metamorfoses da semana é servida pela mítica Playboy, a revista de entretenimento dirigida ao público masculino, criada em 1953 por Hugh Hefner. Mais de 60 anos depois dessa edição inaugural, com Marilyn Monroe estampada numa capa sem número – o big boss do projeto duvidava do seu sucesso e continuidade – o título segue no ativo.

O império que abalou esse tal mundo em mudança revelou ter pernas para andar, jogo de cintura, e outras referências anatómicas expostas em pelo ao longo das décadas. Até que Scott Flanders, diretor executivo da publicação, revelou que a edição impressa de março de 2016 apresentará novo design e orientação: acabaram-se as fotografias de mulheres em nu integral, ultrapassadas pela rapidez de resposta da internet.

Entretanto, a clássica desculpa do leitor encabulado arrisca banalização num mercado editorial devidamente enfarpelado. Dizer isto nunca mais terá a mesma piada: «Só comprei para ler a entrevista».

maria.r.silva@sol.pt