Enfim, Cavaco que se desembrulhe, já que ele apareceu na TV com ar muito suficiente, a dizer que sabia muito bem o que faria. Entretanto, a recente morte de António Costa Pinheiro, um dos mais proeminentes e cotados artistas portugueses (teve a sorte de ver a sua cotação bem sustentada no País em que se radicou muitos anos e onde estudou, a Alemanha e a Escola de Belas Artes de Munique), sempre triste, tem por outro lado o dom de nos chamar a atenção para a sua pintura, e para a do grupo em que se integrou em jovem, o KWY. Para quem não saiba, o grupo KWY utilizava 3 letras que não existiam no alfabeto português da altura, para lançarem um slogan irónico, de artistas no exílio: «Ká Wamos Yndo».
O grupo começou a germinar aí pelos anos de 1958 entre 4 artistas que viviam então em Munique: o dito Costa Pinheiro, mais o casal René Bertholo e Lourdes Castro, a que se juntava Gonçalo Duarte. Afirmou-se depois em Paris, e numa exposição nas Belas Artes de Lisboa, em 1960, já com outros nomes associados: João Vieira, José Escada, o búlgaro Christo e o alemão Jan Voss Editaram ainda uma revista com o mesmo nome, publicada em Paris entre 1958 e 1964.
E hoje podem ser relativamente visitados: Costa Pinheiro numa exposição que está patente na Galeria-Antiquário São Roque (R. de sâo Bento, 269), e todo o grupo KWY noutra exposiçãoo, no Centro de Artes Manuel de Brito (Palácio Anjos, Alameda Hermano Patrone, Algés).
E, dos portugueses, temos ainda viva Lourdes Castro, que teve exposição em Lisboa recentemente no edifício da Tranquilidade ao Chiado (Chiado, 8), mas cuja obra costumo ver com mais sossego quando vou ao Funchal (afinal, ela é madeirense) na Galeria 33 desta cidade.