"Na minha perceção, e daquilo que nos chega todos os dias no terreno, já houve tempos em que as famílias estiveram pior. No último ano, a situação de muitas famílias registou, de alguma forma, uma melhoria", afirmou.
Em declarações aos jornalistas, após a inauguração da nova sede do Banco Alimentar Contra a Fome em Évora, Isabel Jonet atribuiu esta melhoria da situação das famílias ao "acréscimo de emprego" e ao facto de "muitas terem renegociado os seus créditos".
"Em Portugal, temos muitas famílias sobre endividadas, cujo orçamento era, em parte, comido pela prestação do crédito à habitação ou do crédito ao consumo. Nos últimos dois anos, essa situação alterou-se, o que fez com que as famílias pudessem respirar um pouco melhor", argumentou.
Apesar disso, a responsável alertou que Portugal é "um país onde a pobreza existe" e que essa realidade e essa pobreza têm "rostos", ou seja, os "das pessoas que têm baixos rendimentos".
No país, precisou, "há um milhão de idosos que vive com menos de 250 euros por mês e há dois milhões de pessoas que vivem com menos de 420 euros por mês".
Por isso, nos 21 Bancos Alimentares Contra a Fome existentes em Portugal, que contribuem "para a alimentação de 420 mil pessoas", através de 2.600 instituições de apoio social, a procura não diminuiu.
"Aquilo que podemos dizer é que, de facto, há um aumento das carências e dos pedidos", nomeadamente "por parte das instituições, porque elas próprias se veem a braços com mais pedidos de mais famílias carenciadas", afirmou.
E os pedidos, acrescentou, aumentaram também por parte das próprias famílias carenciadas, "que têm os seus utentes no lar e as crianças na creche" mas não têm "capacidade para pagar as mensalidades".
"Portanto, pedem mais apoio aos Bancos Alimentares", referiu, sublinhando que os pedidos chegam igualmente "das próprias pessoas que não têm emprego e das que estão numa situação desesperada".
Questionada sobre o tema dos refugiados, Isabel Jonet explicou que os Bancos Alimentares e a federação que os representa "vão colaborar com as instituições de solidariedade social que vão acolher" os que estão previstos chegar a Portugal.
"Os Bancos Alimentares nunca entregam alimentação diretamente a pessoas. Vão colaborar com as instituições que os acolhem, tal como colaboram hoje na assistência que é dada a todas as pessoas carenciadas que existem em Portugal", disse.
Lusa/SOL