A nova agressão de violência doméstica aconteceu a 21 de maio de 2014. Nessa madrugada, foi Carrilho quem chamou a PSP e apresentou queixa contra Barbara, por abandono dos filhos e agressões. O socialista disse ter recebido depois das 5h30 da manhã uma chamada telefónica do filho Dinis, agora com 11 anos, que a chorar e assustado lhe contava que acordara e a mãe não estava em casa. Carrilho dirigiu-se de imediato à habitação de Barbara Guimarães onde o filho mais velho lhe abriu a porta. O ex-ministro contou aos investigadores que entretanto a apresentadora chegou a casa e começou aos gritos para que saísse, tendo sido agredido pelo então namorado de Bárbara, Ernesto Neves. O filho testemunhou no mesmo sentido.
Mas segundo a investigação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP), concluída no início deste mês, as provas mostram que Bárbara Guimarães afinal esteve sempre em casa. Segundo relatou aos investigadores, a apresentadora estava a dormir no piso superior do duplex quando acordou com vozes e desceu as escadas, encontrando Carrilho junto à cozinha. Gritou-lhe que se fosse embora. O então namorado de Bárbara que também estava na habitação testemunhou que, quando desceu as escadas, viu Carrilho agarrar nos braços da apresentadora e empurrá-la contra a parede e dar-lhe uma joelhada. Por isso, Ernesto Neves agarrou Carrilho e expulsou-o da casa.
As imagens registadas pela câmara de vídeo à porta de casa foram fundamentais para os investigadores concluírem não ter encontrado provas de que Dinis e a irmã mais nova, Carlota, estivessem sozinhos nessa madrugada. As imagens revelam que além da chegada de Carrilho e da sua saída da habitação, às 5h47 e às 5h57 não houve outras entradas em casa. Nas imagens é também visível, sabe o SOL, que Bárbara Guimarães estava descalça e com roupa de dormir. Por isso, o caso acabou arquivado.
Mas com base no depoimento de Bárbara e nas lesões que a apresentadora apresentou nessa madrugada – marcas nos braços, cotovelos e na coxa – o Ministério Público decidiu acusar Carrilho, de 64 anos, de mais um crime de violência contra a ex-mulher, de 42.
MP sem provas de agressões de Bárbara ao filho
Arquivadas pelo DIAP foram também outras três queixas de Carrilho. Uma por agressão contra Ernesto Neves, pela forma violenta com que o expulsou de casa, já que o MP considerou que o empresário agiu em defesa da namorada. Outra contra a apresentadora da SIC por denúncia caluniosa ao queixar-se de ter sido agredida por ele nessa mesma noite, já que os investigadores concluiram haver indícios dessa violência.
O DIAP também não considerou existirem provas de maus tratos de Barbara Guimarães ao filho Dinis, tal como a acusava Carrilho. O Ministério Público ouviu a criança, que confirmou agressões. Mas depois ouviu amigos de Dinis, que disseram que o rapaz nunca se queixara de nada e a própria apresentadora, que admitiu ter dado duas palmadas no rabo do filho mais velho, quando ele a insultou. O MP considera que esta reação foi justificada e adequada ao comportamento da criança.
Outras duas queixas de Bárbara contra Carrilho também não ficaram provadas. Os investigadores não encontraram provas de que o ex-ministro insultou a ex-mulher numa bomba de gasolina de Lisboa, onde os dois se encontraram por acaso no ano passado. Também arquivadas foram as suspeitas de que foi Carrilho quem colocou no carro de Bárbara Guimarães fotografias de Ernesto Neves com a filha mais nova da apresentadora, com a legenda: «hands off», ou de que as cartas enviadas à SIC pedindo para não atribuírem programas televisivos a Bárbara fossem da sua autoria.
Carrilho acusado de agredir jovem com soco na boca
Na análise às várias queixas apresentadas por Bárbara Guimarães contra o ex-marido, o MP faz ainda duas outras acusações. O antigo ministro tem de responder por ter desferido um murro na boca de Ricardo Pereira, de 19 anos, filho de um amigo de Bárbara, que a 15 de outubro do ano passado, estava em casa da apresentadora quando Carrilho ali foi deixar os filhos após o jantar. O jovem desceu de casa da apresentadora para a ajudar a levar Carlota que dormia ao colo do pai, mas acabou por ser agredido. O pai do jovem também foi ameaçado por Carrilho numa manhã no colégio dos filhos.
