Depois de há mais de um ano lhe ter sido diagnosticado um tumor cerebral, Ricardo Mealha – que nasceu a 22 de outubro de 1968 em Lisboa – morreu hoje de manhã, perdendo o design nacional um dos seus maiores nomes.
Numa carreira preenchida por prémios em concursos nacionais e internacionais – mais de 80, no total – atualmente Ricardo Mealha era sócio e diretor criativo da Brand Gallery, depois de em 2001 ter criado o atelier de design RMAC Brand Design, o qual vendeu cinco anos depois ao grupo BBDO Portugal.
O designer foi responsável pela imagem do Ministério da Cultura de Portugal, criada em 1997 e dos 12 organismos e serviços a ele ligados, incluindo o Teatro Nacional de Ópera de São Carlos, Biblioteca Nacional, o Instituto do Cinema e do Audiovisual e o Instituto dos Museus e da Conservação.
Os hotéis Tivoli, a Atlantis Crystal, as lojas Area, o Museu do Design e da Moda, o Museu da Presidência da República, a Casa das Histórias Paula Rego, a Associação ModaLisboa, a discoteca Lux Frágil, a Fundação EDP, o Museu do Chiado, a Experimentadesign e o Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian foram alguma das instituições, projetos e empresas para as quais trabalhou.
Recordado pelos amigos como um "apaixonado e um provocador", Ricardo Mealha protagonizou a 21 de dezembro de 2009 o primeiro casamento entre homossexuais com cobertura mediática nacional, que apesar de não ter validade legal foi um passo público que quis dar para "contribuir para o progresso da mentalidade dos portugueses em relação ao que é a base de qualquer sociedade: os direitos humanos".
Nessa altura, e quando faltavam poucos dias para o casamento entre pessoas do mesmo sexo ser discutido e aprovado no parlamento, numa entrevista à então revista "Pública, o designer – que foi missionário de uma religião 'new age' sediada nos Estados Unidos – defendeu que "o casamento tem de ser um direito de todos os cidadãos" e admitiu que passou por um período, que achava "que todos os homossexuais com uma base de formação católica passam, em que perguntava: será que vou para o fogo do Inferno?".
Entre as mais de oito dezenas de prémios com os quais foi distinguido desde 1997, destaque para o Gold Award Winner e 12 nomeações no International Forum Design, na Alemanha, membro do D&AD de Inglaterra, premiado no ID Design Awards dos Estados Unidos e no Print European Design Awards em vários anos.
Lusa/SOL