Ricardo Mealha partiu aos 47 anos. Quem era este gigante do design?

Ricardo Mealha, um dos mais conceituados designers que morreu hoje aos 47 anos, recebeu mais de 80 prémios nacionais e internacionais em duas décadas de carreira e defendeu que “o casamento tem de ser um direito de todos os cidadãos”.

Depois de há mais de um ano lhe ter sido diagnosticado um tumor cerebral, Ricardo Mealha – que nasceu a 22 de outubro de 1968 em Lisboa – morreu hoje de manhã, perdendo o design nacional um dos seus maiores nomes.

Numa carreira preenchida por prémios em concursos nacionais e internacionais – mais de 80, no total – atualmente Ricardo Mealha era sócio e diretor criativo da Brand Gallery, depois de em 2001 ter criado o atelier de design RMAC Brand Design, o qual vendeu cinco anos depois ao grupo BBDO Portugal.

O designer foi responsável pela imagem do Ministério da Cultura de Portugal, criada em 1997 e dos 12 organismos e serviços a ele ligados, incluindo o Teatro Nacional de Ópera de São Carlos, Biblioteca Nacional, o Instituto do Cinema e do Audiovisual e o Instituto dos Museus e da Conservação.

Os hotéis Tivoli, a Atlantis Crystal, as lojas Area, o Museu do Design e da Moda, o Museu da Presidência da República, a Casa das Histórias Paula Rego, a Associação ModaLisboa, a discoteca Lux Frágil, a Fundação EDP, o Museu do Chiado, a Experimentadesign e o Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian foram alguma das instituições, projetos e empresas para as quais trabalhou.

Recordado pelos amigos como um "apaixonado e um provocador", Ricardo Mealha protagonizou a 21 de dezembro de 2009 o primeiro casamento entre homossexuais com cobertura mediática nacional, que apesar de não ter validade legal foi um passo público que quis dar para "contribuir para o progresso da mentalidade dos portugueses em relação ao que é a base de qualquer sociedade: os direitos humanos".

Nessa altura, e quando faltavam poucos dias para o casamento entre pessoas do mesmo sexo ser discutido e aprovado no parlamento, numa entrevista à então revista "Pública, o designer – que foi missionário de uma religião 'new age' sediada nos Estados Unidos – defendeu que "o casamento tem de ser um direito de todos os cidadãos" e admitiu que passou por um período, que achava "que todos os homossexuais com uma base de formação católica passam, em que perguntava: será que vou para o fogo do Inferno?".

Entre as mais de oito dezenas de prémios com os quais foi distinguido desde 1997, destaque para o Gold Award Winner e 12 nomeações no International Forum Design, na Alemanha, membro do D&AD de Inglaterra, premiado no ID Design Awards dos Estados Unidos e no Print European Design Awards em vários anos.

Lusa/SOL