Contudo, parece-me que nós, portugueses, satisfeitos com a independência (os poucos que não estão julgam que viveríamos melhor como espanhóis, não percebendo que na qualidade de 5ª economia em 18 autonomias, teríamos ainda de pagar às mais pobres), que defenestrámos por ela os Miguéis Vasconcelos da época, não deveríamos opor-nos a quem o quer também. Ainda por cima, prezamos muito a república, e só uma minoria prefere por cá a monarquia.
Acresce a isto que vemos a Espanha centralista manter a ocupação de facto (que não à luz do Direito Internacional) de Olivença, caindo na contradição de inverter argumentos quando enfrenta os casos de Gibraltar, Ceuta e Melilla.
Até posso achar comovente o excesso de nacionalismo da Espanha central e castelhana, sobretudo porque convive com alguma democracia interna (e se distancia assim dos nacionalismos extremistas de esquerda e direita). Mas não é por isso que perco a simpatia por povos peninsulares que não gostam da Espanha centralista. E, como tal, exaltada. Vejo o Governo do PP em Madrid enveredar por maus caminhos, desde que acirrou a independência catalã ao fechar-se a debater com a região um novo acordo financeiro. O PP só perceberá a linguagem terrorista da ETA, que conseguiu para o País Basco uma ansiada neutralidade financeira (em que fica com todos os impostos, ao contrário da Catalunha, que fica com quase nenhuns)?
Enfim, esperemos que a situação não chegue aos limites extremos a que o PP parece querer conduzi-la. Tanto mais que a Europa fomentou, por exemplo nos Balcãs, outras independências, de pendor menos democrático e pacífico.