O Dia Mundial do Veganismo comemora-se no domingo, tendo sido instituído em 1994 pela sociedade vegan inglesa. Hoje como nessa altura pretende chamar a atenção para uma filosofia de vida assente na ausência de qualquer produto de origem animal na alimentação, incluindo ovos, leite ou mel, por exemplo.
Nuno Metello, presidente da Associação Vegetariana e ele mesmo vegan, não sabe para quantos portugueses o domingo será um dia especial, porque não há dados oficiais, mas avança: o número de vegetarianos e vegan está a crescer e mesmo mundialmente o número de animais mortos para consumo está a decrescer.
São boas notícias para os que não comem animais (vegetarianos) ou nem os produtos deles derivados (vegan), numa semana em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para a potencialidade cancerígena de carnes vermelhas e carnes processadas.
"Os vegetarianos ficaram contentes, eles já têm uma noção de que estas carnes fazem mal", diz o responsável à Lusa a propósito da efeméride de domingo, ainda que deixando alguma apreensão: este tipo de notícia pode ter um efeito contrário, que é o de as pessoas passarem a comer menos carnes vermelhas e mais carnes brancas e assim consumir mais animais.
Nuno Metello até nem julga que algum consumo de carne seja prejudicial e entende quem a come, ainda que a tenha abolido há vários anos. Explica Nuno que é vegan por motivos éticos e que a sua saúde não melhorou nem piorou por isso, ainda que reconheça que é necessário "algum planeamento" para se ser vegan.
Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas (e dietistas), não considera o veganismo uma boa opção alimentar (como também não é um consumo excessivo de carnes), porque se não for seguido com cuidado pode afetar a saúde (levar por exemplo à falta de ferro, zinco, cálcio e algumas vitaminas).
A responsável considera que se dramatizou o estudo da OMS, já que há muito que a comunidade científica sabe que as carnes devem de ser consumidas com moderação. E alerta que "o consumo de carne é excessivo no país", como o consumo de frutas e legumes "insuficiente", o que não tem de levar à opção pelo vegetarianismo e a que "se caia no extremo oposto".
"A adoção de uma dieta vegetariana não implica à partida mais saúde. Para se ser mais saudável o padrão é a dieta mediterrânica, na qual nada é proibido e que tem uma base muito forte de produtos vegetais", diz Alexandra Bento.
E frisa que é a dieta mediterrânica que alia a riqueza em frutas, hortícolas, leguminosas e cereais e um consumo modesto de carne e peixe.
Nuno Metello entende embora não pratique. E fala que hoje é fácil ser vegan, principalmente nas grandes cidades, porque há muita oferta em termos de produtos alimentares, de restaurantes e de vestuário (vegans não usam vestuário que utilize por exemplo couro ou lã).
Ainda assim um dia mundial é sempre útil, diz, porque dá visibilidade ao movimento. Para Nuno é mais do que um movimento, é a ordem natural das coisas: "o ser humano poderá consumir alguma quantidade de carne, o que já não quer dizer que isso seja natural".
Lusa/SOL