Segundo avançou em comunicado o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (Sintab), a multinacional Mondeléz do setor da alimentação (bolachas) comunicou hoje aos trabalhadores que vai encerrar a fábrica em Mem Martins, "no terceiro trimestre de 2016".
"A direção do Sintab já manifestou a sua discordância face à deslocalização do nosso país, desta unidade fabril, provocando a destruição de cerca de uma centena de postos de trabalho", acrescentou a nota sindical.
A Mondeléz Internacional, que sucedeu à Kraft Foods, é dona das marcas Triunfo e Proalimentar, produzidas na fábrica do concelho de Sintra, e detentora das bolachas Oreo e dos chocolates Cadbury.
"A fábrica tem outras capacidades de produção, que estão subaproveitadas, mas isso é da responsabilidade da empresa, que foi esvaziando a capacidade produtiva da unidade", disse à Lusa Fernando Rodrigues, do Sintab.
O responsável sindical adiantou que a empresa possui 97 trabalhadores efetivos, mas que o encerramento da fábrica "vai afetar entre 100 a 120 trabalhadores", tendo em conta os funcionários temporários que costumam trabalhar na unidade de Mem Martins, consoante os ciclos de produção.
O encerramento da fábrica terá ainda consequências para outras unidades portuguesas fornecedoras de matérias-primas e Fernando Rodrigues explicou que, apesar de a empresa pretender negociar, o Sintab "não está disponível para fechar empresas" e só aceitará assegurar os direitos dos trabalhadores.
"Há casais a trabalhar nesta empresa e a maioria dos postos de trabalho são ocupados por mulheres, que vão ficar sem emprego, numa área onde existe um elevado nível de desemprego", lamentou o sindicalista.
O sindicato, afeto à CGTP-IN, vai promover plenários de trabalhadores e pedir audiências aos grupos parlamentares da Assembleia da República para contestar o encerramento da fábrica, e pedir a intervenção da Câmara de Sintra.
A Mondeléz International alegou, em comunicado, que a unidade utiliza "apenas 35% da sua capacidade de produção, um cenário que se verifica já desde 2012".
A empresa explicou que, nos últimos três anos, investiu cerca de quatro milhões de euros na aquisição de equipamento e transferiu volume de produção de outras marcas para Portugal, com o objetivo de impulsionar a produção na fábrica nacional, mas não conseguiu "os níveis de eficiência adequados".
Por isso, conclui na mesma nota, "a maioria da produção da fábrica portuguesa vai ser transferida para a fábrica de Opava na República Checa".
Lusa/SOL