Dono de carro da Fatura da Sorte lesado por grupo criminoso

Um dos lesados pelo grupo criminoso que a PSP de Braga ontem desmantelou e que se dedicava a furtos, burlas e viciação de automóveis, é um contribuinte a quem tinha calhado em sorteio um BMW no E-Fatura, concurso promovido todos os meses pelas Finanças. O indivíduo vendeu a viatura a membros da organização e nunca chegou a…

Como o SOL ontem noticiou, a PSP deteve 27 suspeitos de pertencerem a um grupo que se dedicava àqueles crimes, através de conhecidos sites de compra e venda de bens, como o Olx e o Stand Virtual. A operação resultou na maior apreensão de sempre do género feita pela PSP, segundo foi hoje anunciado pelo Comando de Braga.

O subintendente Rui Matos, responsável pela Área Operacional da PSP na região, afirmou que, além dos 27 suspeitos – que serão hoje e amanhã apresentados no Palácio da Justiça de Braga – há mais três detidos no Brasil, em Belo Horizonte. Estavam já a ser investigados neste processo que decorre há quase ano, com escutas e vigilâncias.

Na operação de ontem, foram confiscados 18 automóveis – a maioria da marca BMW e alguns parcialmente desmantelados –, no valor global de cerca de meio milhão de euros. Mas os montantes sofridos pelos lesados ascendem a um milhão e meio de euros, como salientou aquele oficial superior.

A PSP confiscou, nas 30 buscas domiciliárias, cerca de 45 mil euros (em notas de 500 e de 200), além de duas armas de fogo.

Como atuava o grupo

“Os membros do grupo contactavam pessoas que colocam à venda os seus automóveis, quer no Olx, quer no Stand Virtual, mostrando-se interessadas em fazer negócio. Marcavam encontros, após o que compravam os veículos com cheques furtados ou sem provisão”, explicou ainda o subintendente Rui Matos.

“Depois depositavam esses cheques no multibanco para que os vendedores vissem esses valores no seu saldo contabilístico. E isto era feito especialmente aos fins-de-semana, para que somente na segunda-feira seguinte os lesados tivessem verdadeiramente acesso à sua conta e aí é que se aperceberiam de que os cheques não tinham provisão”, salientou Rui Matos ao SOL.

“Os detidos tinham idades entre os 23 e os 60 anos e conseguiu perceber-se já que todos tinham tarefas bem definidas – desde aqueles que faziam os primeiros contactos até aos que depois apareciam, geralmente um homem e uma mulher (para aparentar tratar-se de um casal normal), até aos que depois, na posse dos automóveis, distribuíam-nos pelo mercado nacional e até a nível internacional”, acrescentou o chefe da Área Operacional do Comando da PSP de Braga.