A decisão foi tomada hoje no Lincoln County Court, no condado de Lincolnshire, no norte de Inglaterra, após três dias de audiência.
O facto de a portuguesa de 37 anos, que por ordem do tribunal não pode ser identificada para se proteger a identidade das crianças, estar grávida de cinco meses foi crucial para o desfecho do processo.
"Eu queria os filhos todos, mas podiam vir e tirar-me o bebé", explicou.
No Reino Unido, os serviços sociais podem acionar uma ordem judicial para retirar um recém-nascido aos progenitores caso considerem que existe risco devido ao historial de problemas parentais.
Assim, a portuguesa autorizou a adoção dos dois rapazes de quatro e sete anos, pretendida pelas autoridades britânicas.
Porém, a portuguesa conseguiu que esta seja uma "adoção aberta", ou seja, poderá manter contacto com as crianças por telefone, carta, 'email' ou até fisicamente, dependendo do acordo dos pais adotivos.
"Eles vão saber que eu gosto deles, que lutei até ao fim para os manter, mas também pode ser que eles assim tenham uma vida melhor. Embora me custe, é para o bem deles", acrescentou.
Quanto aos três filhos mais velhos, um rapaz de 15 anos e duas raparigas, de nove e 14, o regresso definitivo a casa não é imediato.
O filho mais velho já visita todos os fins de semana a casa da mãe, entretanto separada do pai das crianças e a viver uma nova relação.
"Elas não querem vir já para casa, vamos dar um tempo", afirmou a portuguesa.
A decisão de hoje coloca um ponto final num processo que durou cerca de dois anos e meio, desde abril de 2013, quando as crianças foram retiradas pelos serviços sociais britânicos ao casal português por alegados mais tratos físicos.
Desde então, tem estado em famílias de acolhimento, enquanto os pais lutavam nos tribunais e através de pressão mediática.
Após o companheiro regressar a Portugal, a portuguesa fez formação profissional e começou um novo emprego num hotel, reatando o diálogo e cooperação com os serviços sociais para tentar reaver os filhos.
Embora tenha fracassado a solução sugerida no ano passado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, de entregar a guarda das crianças a uma instituição portuguesa e manter assim cinco irmãos juntos, o processo continuou a ser acompanhado pelo consulado português em Manchester, que esteve representado nas audiências do tribunal desta semana.
Lusa/SOL