"Nós não queremos um 'dono disto tudo' no Montepio. Os 'donos disto tudo' são os associados e tem que ser numa ótica participativa, democrática, e não numa perspetiva de controlo e de projeto pessoal como tem acontecido nos últimos anos", lançou António Godinho.
"A Associação Mutualista é, como é óbvio, dos associados. Não é de uma pessoa só. Não é um projeto pessoal, é um projeto coletivo", acrescentou em entrevista à agência Lusa.
E seguiu no ataque contra a atual administração, liderada por António Tomás Correia: "Não tem condições, na minha opinião, e é até uma ousadia se propor candidatar, depois do desastre de gestão e dos erros de gestão que foram cometidos nos últimos anos".
Caso seja eleito, António Godinho avançou que vai proceder de imediato ao "levantamento exaustivo da real situação financeira agregada da Associação Mutualista [que detém o banco Montepio], que nos últimos anos tem apresentado prejuízos de forma significativa".
E especificou: "Estamos a falar de mais de 500 milhões de euros de prejuízo em resultados antes de impostos em 2012 e 2013. E ainda não sabemos os resultados de 2014, o que é inusitado. É algo que não se entende".
Assim, a lista que lidera compromete-se a fazer uma reestruturação do grupo mutualista "numa perspetiva financeira" e "não apenas restaurar a confiança e os valores, mas também a saúde financeira", sublinhou.
António Godinho exigiu que as contas de 2014 do Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM) sejam divulgadas até à data das eleições, marcadas para 02 de dezembro, considerando que isso é uma "obrigação perante o mercado" da atual gestão.
E reforçou: "É incompreensível a não apresentação de contas. Leva a pensar que, de facto, se quer esconder alguma coisa e que se quer branquear um conjunto de atos de gestão muito duvidosos do ponto de vista da criação de valor".
Segundo o responsável, "só se destruiu valor nos últimos anos", pelo que "é preocupante para quem lá esteve e para quem se candidata que não haja essa informação clara, evidente e transparente".
As eleições para os órgãos sociais da MGAM, para o triénio 2016/2018, vão ser disputadas por quatro listas, uma das quais concorre apenas ao conselho geral.
As três listas que concorrem a todos os órgãos sociais do grupo são dirigidas pelo atual presidente do grupo, Tomás Correia, ("Montepio para todos"), pelo economista Eugénio Rosa, ("Segurança, transparência, confiança na gestão do Montepio: Defender o mutualismo"), e pelo gestor António Godinho ("Renovar o Montepio").
Já a lista "Por um Montepio Mais Forte e Democrático, com uma Caixa Económica mais ética", encabeçada por Manuel Ferreira, concorre apenas ao conselho geral.
Lusa/SOL