Sócrates desvirtuou o ADN do PS com a sua visão absolutista do exercício do poder, a sua propensão antidemocrática para o controlo da comunicação social (e de outros poderes, como a banca), o seu despesismo irresponsável que esvaziou os cofres do Estado e deixou o país a um passo da bancarrota.
Costa meteu na gaveta a matriz fundadora do PS ao aplicar esta entorse à esquerda no posicionamento político do partido, tornando-o refém de maiorias de governo com o BE e o PCP, partidos filiados no totalitarismo marxista, no combate à zona Euro e à própria União Europeia, na defesa de uma economia estatizada e do isolacionismo internacional.
E não é sem custos políticos elevados que se procede assim à dissolução de marcas identitárias fundamentais na imagem do PS – a tolerância democrática, a defesa das liberdades, o ideal europeísta, a rejeição do radicalismo esquerdista, uma economia de mercado livre e aberta ao mundo. Sócrates e Costa quebraram traços essenciais de identificação do PS com a sua base de apoiantes e o seu eleitorado tradicional de um a dois milhões de portugueses. Quebraram de forma porventura irremediável. E com uma fatura eleitoral pesadíssima em próximas legislativas.
Como se não bastasse, Sócrates, com o seu ego insaciável, colou ao PS o ativo tóxico do seu processo judicial constrangedor e da sua injustificável vida de luxos sustentados em expedientes à margem da lei. E Costa, com a sua desmedida ambição pessoal, transformou agora o PS num partido oportunista, capaz de recorrer à batota e de atropelar tudo e todos para chegar ao poder.
Ora, ninguém gosta de pertencer a um grupo, a um associação ou a um partido de golpistas, chicos-espertos e parvenus sem escrúpulos nem ética política. O PS que, no fim de tudo isto, sobrar para Francisco Assis já não terá muito a ver com o PS de Soares, Constâncio, Sampaio ou Guterres.
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