Novo recorde do nível de concentração de gases com efeito de estufa

O nível de concentração dos gases com efeito de estufa atingiu um novo recorde em 2014, anunciou hoje a Organização Meteorológica Mundial (OMM) no seu relatório anual.

"Todos os anos damos conta de um novo recorde nas concentrações de gás com efeito de estufa", lamentou o diretor da OMM, Michel Jarraud.

"A cada ano dizemos que não temos mais tempo, devemos agir AGORA para reduzir as emissões de gás e para que tenhamos uma oportunidade de manter num nível razoável a subida das temperaturas", sublinhou no relatório.

O relatório – que não mede as emissões de gás com efeito de estufa, mas a sua concentração na atmosfera – mostra que o CO2 (dióxido de carbono, o principal gás com efeito de estufa de longa duração) aumentou para 397,7 partes por milhão (ppm) na atmosfera o ano passado.

"Não podemos ver o CO2, é uma ameaça invisível, mas uma ameaça muito real", sublinhou Jarraud. "Isto significa temperaturas globais mais elevadas, mais fenómenos meteorológicos extremos, como vagas de calor, inundações, derretimento do gelo e aumento do nível do mar e da sua acidez".

O relatório da agência da ONU é divulgado a três semanas da Cimeira do Clima de Paris (COP21), que visa a tomada de medidas significativas para limitar o fenómeno do aquecimento global.

O metano, o segundo gás com efeito de estufa de longa duração, também atingiu um novo recorde de concentração, 1.833 ppm em 2014, segundo o relatório.

A OMM indica que, com 60 por cento das emissões de metano provocadas pela atividade humana, nomeadamente pecuária, cultivo de arroz, exploração de combustíveis fósseis, se registou um aumento de 254% das concentrações na atmosfera deste gás desde os níveis da era pré-industrial.

O protóxido de azoto, cujo impacto no clima num período de 100 anos é 298 vezes mais importante que o CO2 e que também contribui para a destruição da camada de ozono que nos protege da nocividade dos raios ultravioleta emitidos pelo sol, registou o ano passado uma concentração de 327,1 partes por mil milhões, ou 121% dos seus níveis antes da era industrial.

Lusa/SOL