O prémio, segundo a instituição italiana, foi atribuído pelo seu trabalho sobre as mutações do gene TREM2 e a relação com o desenvolvimento da Doença de Alzheimer.
Este trabalho já tinha sido distinguido em janeiro com o Prémio Europeu do Jovem Investigador, atribuído pela Associação francesa para a Investigação sobre Alzheimer e Rita Guerreiro e, também este ano, venceu o prémio da Sociedade britânica de Investigação de Alzheimer e Demência na categoria de "realização académica".
O geneticista John Hardy, o mais importante especialista britânico da doença de Alzheimer e também investigador na UCL, considerou a portuguesa "uma estrela em ascensão" na investigação da neurociência.
"Ela encontrou o primeiro gene de Alzheimer em 15 anos e isso é uma descoberta revolucionária no meio", disse.
A cientista disse à agência Lusa que estes prémios são importantes em termos de "prestígio" e contribuem para a evolução do estatuto profissional, atualmente em vias de passar de investigadora financiada pela Alzheimer Society ao quadro de pessoal da UCL.
Natural de Estremoz, Rita Guerreiro, 35 anos, vive e trabalha no Reino Unido desde 2010, depois de realizar o doutoramento nos EUA, sempre acompanhada pelo também português e marido José Brás, com quem partilha a direção do laboratório.
O prémio no valor de 10.000 euros atribuído pela fundação italiana é pessoal e não precisa de ser aplicado em investigação, mas Rita Guerreiro confessou que este tipo de financiamento pode ser útil a "projetos pessoais" paralelos ao seu trabalho.
Recentemente, contou, foi contactada por uma família portuguesa que procurava diagnosticar a doença da filha, mas que estava com dificuldades em fazê-lo pelo sistema nacional de saúde português.
"Aceitámos analisar o ADN e em três meses conseguimos fazer um diagnóstico e descobrimos que ela sofre de uma doença descoberta apenas em 2013, o Síndrome Schaaf-Yang/MAGEL 2, que afeta umas 19 crianças em todo o mundo", adiantou.
"Já recebemos pedidos de outras famílias, mas não podemos responder sempre porque às vezes não temos os meios técnicos para o fazer", justificou.
Rita Guerreiro lamentou que as famílias de crianças portuguesas com doenças raras tenham de pagar cinco a seis mil euros a um laboratório privado para obter um diagnóstico ou tenham de depender de estudos científicos feitos no estrangeiro.
Lusa/SOL