O trabalho de Vanessa Morais, para ser desenvolvido em cinco anos, tem como objetivo estudar o processo muito focado num pequeno organelo, pequeno órgão, que existe nas células responsável pela produção de energia, essencial para a concretização de qualquer atividade que a célula necessite efetuar.
A investigação pretende "perceber os mecanismos moleculares que a mitocôndria tem dentro dos neurónios" e como podem "influenciar e ser influenciados nas doenças neurológicas", para tentar perceber se a disfunção daquele elemento pode ser uma causa de doenças neurológicas, como Parkinson, Alzeimher ou a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), explicou Vanessa Morais.
"A partir do momento em que há uma disfunção da mitocôndria, há processos vitais que não conseguimos efetuar" como a cognição, a memória, mas também doenças a nível dos músculos que afetam tarefas do quotidiano como pegar numa caneta e escrever, disse a investigadora à agência Lusa.
A expetativa é perceber o que define uma mitocôndria neuronal, "pegar nessa informação e tentar abordagens terapêuticas, tentar modificar ou modelar de forma a poder melhorar o estado geral do neurónio", avançou.
Este é um dos dois projetos do iMM Lisboa que agora receberam financiamento da entidade europeia, num total de três milhões de euros, sendo o outro de Cláudio Franco, na área da biologia vascular.
A equipa da cientista vai tentar perceber como é que a disfunção da mitocôndria pode influenciar o funcionamento do neurónio a nível da comunicação neuronal, de estabelecimento de comunicação de um neurónio com outro.
"A partir do momento em que temos um neurónio onde a mitocôndria não está a funcionar a 100%, com a sua capacidade máxima, o neurónio não é capaz de estabelecer comunicações com o neurónio adjacente", especificou a cientista, acrescentando que outras funções no neurónio, como o transporte de proteínas, também ficam afetadas devido à falta de energia.
Nos últimos 8 anos, o iMM Lisboa obteve 10 bolsas do Conselho Europeu de Investigação (European Research Council ou ERC), entidade que já financiou 36 projetos em Portugal, segundo informação do instituto.
Lusa/SOL