A projeção da longa-metragem, já distinguida nos festivais de cinema de Berlim e de Sundance, nos Estados Unidos, será feita no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, estando prevista a presença da realizadora, e verifica-se cerca de três semanas antes da chegada do filme às salas portuguesas, anunciada para o início de dezembro.
Indicado como candidato brasileiro à nomeação para o Óscar de melhor filme estrangeiro, "Que horas ela volta?" foi elogiado pela imprensa internacional, em particular pelas revistas Variety e Hollywood Reporter, que destacaram as interpretações e o argumento, e causou debates no Brasil, onde ainda é comum famílias da alta burguesia contratarem empregadas domésticas internas.
A obra trata as relações, algumas vezes perversas, entre patrões e empregados, expondo o tratamento discriminatório de que são alvo, em termos de direitos.
"Que horas ela volta?", conta a história de uma mulher, que deixou a casa da família, para ir trabalhar, e vive na casa dos patrões, perdendo o contacto diário com a filha, que acabará por a ir à sua procura.
A protagonista, Val, trabalha para uma família rica de São Paulo, cuidando da lida da casa e do filho dos donos (o título inglês do filme é "The second mother"/"A segunda mãe").
Anos mais tarde, toda a ordem estabelecida é posta em causa, com a chegada da sua filha adolescente, Jéssica, à casa onde trabalha, pondo em evidência as diferenças de tratamento e o comportamento servil a que se sujeita.
"Que horas ela volta?" estreou-se, no Brasil, no verão passado, dando origem a debates, sobre relações de trabalho.
Apenas este ano o poder Legislativo brasileiro aprovou a proposta de Emenda à Constituição, chamada "PEC das domésticas", que reconhece a igualdade de direitos dos trabalhadores domésticos com os dos restantes trabalhadores.
O filme foi distinguido no Festival de Berlim, no passado mês de fevereiro, com o Prémio do Público e com o da Confederação de Cinemas de Arte e Ensaio.
A obra foi igualmente galardoada no Festival de Sundance, com o prémio especial do júri de melhor interpretação feminina, atribuído 'ex aequo' a Regina Casé (Val, a empregada protagonista) e a Camila Márdila (Jéssica, a filha).
O filme foi ainda premiado nos festivais de RiverRun International, na Carolina do Norte (melhor argumento), e de Amesterdão, na Holanda (melhor filme, prémio do público).
Lusa/SOL