Catarina Martins

A líder do Bloco de Esquerda comporta-se como se fosse a verdadeira dona e mentora deste acordo das esquerdas. É ela quem dá entrevista atrás de entrevista a divulgar o boletim diário dos avanços e recuos nas negociações, enquanto Jerónimo e Costa ficam na sombra. É ela quem delimita as fronteiras do que deve ou não deve estar no acordo, para lá do que dizem ou não dizem o PCP e o PS. É ela quem faz a festa e deita os foguetes, é ela quem assegura aos apoiantes que não haverá dúvidas nem hesitações que travem a chegada da esquerda ao poder. Já ocupou o palco principal do Governo de esquerda e – quer haja ou não acordo – será sempre o Bloco a chamar a si os principais dividendos desta troika pós-eleitoral PS/BE/PCP.

Francisco Assis

Teve a coragem política de se colocar como opositor frontal desta deriva esquerdista do PS e como alternativa a prazo à liderança de António Costa. E não era fácil assumir esta rotura política num momento em que a promessa de chegar em breve ao poder une o aparelho e as clientelas partidárias do PS em torno do chefe de serviço – o que significa que serão poucos, a curto prazo, os socialistas que verá a seu lado. Mas tem a seu favor princípios e valores de sempre do PS, que António Costa está a hipotecar. E isso, mais tarde ou mais cedo, reverterá em seu benefício.

…SOMBRA

Edite Estrela

É uma espécie de madrinha zeladora da nomenclatura do aparelho e dos poderes em exercício no PS. Foi uma seguidora próxima e indefetível de Sócrates, ao qual caucionou os excessos e abusos, públicos e privados, que bem conhecia. Agora, jura que ‘a esmagadora maioria do partido’ está com António Costa e a estratégia de juntar o PS ao PCP e ao BE para formar Governo. Eis a versão ‘vale tudo’ do aparelhismo partidário.

Calvão da Silva

A sua aparição nas cheias de Albufeira foi desastrosa. Falou como um misto de assombração bíblica e de pregador fundamentalista, com referências religiosas despropositadas, que quase fizeram esquecer a louvável iniciativa política de ver um ministro, preocupado e solidário, no local da calamidade. Até já conseguiu desbloquear verbas públicas para as vítimas das cheias, mas a sua entrada em cena foi tonta e de algum deslumbramento pelo poder.

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