Segundo a UNICEF/Fundo das Nações Unidas para a Infância, o El Niño também está a causar secas e cheias em partes da Ásia, da região do Pacífico e da América Latina.
El Niño é um padrão climático ligado ao aquecimento das águas de superfície do Oceano Pacífico, que pode ter um efeito profundo nos padrões climáticos em todo o mundo.
As manifestações de El Niño tendem a acontecer com uma periodicidade que varia entre os dois e os sete anos.
"As consequências poderão ter um efeito de cascata sobre várias gerações, a menos que as comunidades afetadas recebam apoio para lidar com a quebra das colheitas e a falta de acesso a água potável, que estão a deixar as crianças malnutridas e em risco face às doenças fatais", alertou a UNICEF.
De acordo com a UNICEF, El Niño pode levar a um incremento significativo de doenças como a malária, o dengue, a diarreia e a cólera — doenças que estão entre as principais causas de morte de crianças.
"Quando as condições meteorológicas extremas privam as comunidades do seu modo de vida, as crianças mais novas sofrem muitas vezes de subnutrição, o que as deixa ainda mais expostas ao risco de adoecerem, sofrerem atrasos no desenvolvimento cognitivo e morrerem prematuramente", adverte a UNICEF.
"As crianças e as comunidades em que se inserem precisam da nossa ajuda para recuperar do impacto de El Niño e para se prepararem para os estragos ulteriores que aquele fenómeno pode desencadear," considerou o diretor executivo da UNICEF, Anthony Lake.
Observou, a propósito, que a intensidade e o potencial de destruição do El Niño podem representar um alerta por ocasião da reunião de líderes mundiais em Paris.
"Ao procederem à discussão de um acordo para limitar o aquecimento global, devem lembrar-se de que o futuro das crianças de hoje e o do planeta que elas vão herdar está em causa", enfatizou Anthony Lake.
Os líderes mundiais vão reunir-se em Paris por ocasião da 21ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, também conhecida como COP21, de 30 de novembro a 11 de dezembro próximos.
O objetivo do encontro é o de alcançar um acordo vinculativo que vise limitar o aquecimento global mediante a redução das emissões dos gases com efeito de estufa.
As ocorrências de El Niño não são causadas pelas alterações climáticas, mas os cientistas acreditam que estão a tornar-se mais intensas em resultado das alterações climáticas.
Muitos dos países que estão agora a sofrer os efeitos de El Niño são aqueles que enfrentam a mais grave ameaça por parte das alterações climáticas. Muitas das áreas afetadas têm também elevados níveis de pobreza.
Segundo especialistas, é provável que este fenómeno meteorológico, um dos mais fortes de que há registo, venha a causar mais cheias e secas, a alimentar tufões e ciclones no Pacífico, e a afetar mais zonas se continuar a ganhar força como indicam as previsões para os próximos meses.
Somália, Etiópia, Indonésia, nações do Pacífico, Guatemala, Honduras, El Salvador, Peru, Equador são alguns dos países e regiões afetados pelo fenómeno El Niño.
Lusa/SOL