Breves notas sobre Pedro Arroja

Li no Diário de Notícias, e espero ter percebido bem, que Pedro Arroja, Professor de Economia no Porto e dono de uma empresa de gestão de activos, terá chamado “esganiçadas” às deputadas do Bloco de Esquerda.

Na minha opinião, Pedro Arroja não faz parte do grupo dos melhores economistas portugueses: como Daniel Bessa, Campos e Cunha, Vítor Constâncio, Mário Centeno, Nogueira Leite. Faltarão certamente alguns nomes, mas de certeza que Pedro Arroja não está nesse grupo.

Arroja ganhou notoriedade no final dos anos 80, início dos anos 90, quando fez um estudo que demonstrou que o Porto era negativamente discriminado, em termos de investimento público, face a Lisboa. Como isso era verdade (e talvez ainda seja), e gerava ressentimentos nos portuenses, Arroja tornou-se num herói local, que ainda hoje é (curiosamente, nasceu em Lisboa).

Depois, deu uma entrevista à revista Grande Reportagem, onde dizia aproximadamente (não decorei a citação exacta após tantos anos) que “África é pobre porque os negros pensam só em sexo. Nós também pensamos em sexo, mas não pensamos só nisso”. Sem comentários.

A vida dá muitas voltas, e Pedro Arroja fundou a sua empresa de gestão de activos, que tem sede no Porto, num belo palacete na Foz, ao lado de onde eram as instalações do Banco Privado Português. E, há cerca de dez anos, fui lá fazer uma entrevista de emprego, que deve ter sido a mais rápida da minha vida.

Arroja: “Pode-me trazer para aqui um milhão de euros para gerir?”

Eu: “Não.”

Arroja: “Então não temos lugar para si.”

A empresa de Pedro Arroja lá continua, apesar de no ano passado ou no anterior (já não me lembro) ter perdido mais de 80% dos fundos sob gestão.

E com isto, espero ter dado uma imagem fidedigna do Professor Pedro Arroja. Ele é popular no Porto, mas está longe de ser o melhor, em qualquer sentido.