Este “tronco da viúva” – nome cuja origem tem várias versões, como a de ser uma caixa para ajudar as viúvas e os filhos menores de “irmãos” falecidos – é também conhecido nas lojas como “tronco da beneficência” ou “tronco da solidariedade”, por ter como finalidade ajudar um dos elementos da loja, alguém do exterior que esteja em dificuldades ou uma instituição. Terminada a recolha, um deles segura o saco com o braço esticado, dando sinal de que está à disposição de todos. “Alguns dos meus ‘irmãos’ reclama o tronco da viúva?”, pergunta o líder. O dinheiro junto naquela sessão ou o acumulado de várias pode ser solicitado por um dos presentes, para si próprio ou para terceiros. Se ninguém o fizer, fica acumulado, podendo depois ser reclamado na sessão seguinte ou ser-lhe dado um destino decidido pelo venerável. E, durante o momento em que o saco passa por todos, há também a possibilidade de um deles, em vez de pôr, tirar algum dinheiro. Por regra é o “irmão” com o cargo de hospitaleiro que sugere quem ou que instituição ajudar. E no caso de ser um dos elementos da loja, pode ter de se fazer antes uma sindicância, para confirmar se ele tem mesmo necessidade de ficar com os recursos financeiros do “tronco da viúva”.
Uma vez por ano, deve apresentar um relatório sobre a situação do tronco da viúva e a aplicação das verbas. Depois de o líder questionar os colegas, o maçon que fez a colheita e que tem o saco na mão entregá-lo ao secretário, que verifica o conteúdo: “Venerável mestre, o “tronco da viúva” rendeu a medalha profana de x quilos em moeda cunhada Europeia”, informa, passando depois a quantia recolhida ao tesoureiro, para este fazer o que a loja decidiu: guardar ou dar a alguém. (…)
No final das sessões, levantam-se, tiram as luvas e colocam-se num círculo fechado. Dão as mãos uns aos outros, cruzando o braço direito por cima do esquerdo. (…) Terminado o ritual, o mestre anuncia: “Deixemos esta cadeia de união e regressemos aos nossos lugares.” Todos obedecem, mas antes cada um deles sacode três vezes os braços.
* Excerto do livro O Fim dos Segredos, da jornalista do SOL Catarina Guerreiro