O lado colorido da Força

Enquanto se espera, avidamente, de sabre de luz em punho, pela estreia do filme do ano, pré-anunciado com uma antecedência que remonta quase aos tempos primitivos do cinema digital, os fãs da Força – do lado negro e do lado branco – podem ter, a partir de amanhã no Disney Channel, um poderoso aperitivo: a…

Desta vez, o foco centra-se numa altura da trama galáctica que pode situar-se entre o terceiro e o quarto episódio da série de filmes realizados por George Lucas. Os rebeldes começam a organizar-se logo após a formação do Império, sob a égide de Darth Vader, para o combater. Sem perder de vista a filosofia Jedi e problemas místicos quejandos, a série animada concentra-se mais na ação e nos combates pela hegemonia sideral. Mas, para a segunda temporada, garante Dave Filoni, um dos produtores executivos, à Tabu, esta ideia expande-se e ultrapassa a força bruta da Força: “Vamos ver o aumento do poder do Dark Side e como a Força consegue encontrar novos aliados”, diz, ao telefone. “Há o cuidado de dar um background individual maior às personagens, em particular em relação às suas motivações” para se rebelarem.

Entre os rebeldes encontramos Kanan, um cavaleiro Jedi pouco vulgar, que desponta da clandestinidade para cerrar fileiras junto do movimento de rebelião contra o Império. Há também Hera, piloto da nave Espírito, que conduz em missões contra o lado mau desta história. Ou ainda Ezra, uma espécie de bom rebelde, trapaceiro, que enquadra as suas capacidades de ladrão numa causa maior. Sabine, Zeb e o dróide Chopper – uma espécie de versão em modo mau feitio de R2D2 – completam a galeria dos heróis. A ideia sempre foi jogar, explica Filoni, “com a bigger picture, isto é, não só com os filmes, mas também com a animação e os jogos”.

O produtor sempre foi um fã da saga. Mas isso nunca fez dele, confessa à Tabu, um nerd da disciplina. Há anos que é possível encontrar online sites que traduzam línguas dos povos presentes nos episódios de Star Wars, uma página de Facebook de Chewbacca (escrita nos devidos grunhidos incompreensíveis da personagem) e até um movimento religioso Jedi… Filoni não chega a tanto: “Sempre fui um grande fã. Em miúdo, gostava de ter as histórias, os brinquedos, etc. Mas nunca sonhei vir a fazer parte deste universo”. Por isso, quando foi convidado por George Lucas, o criador de toda a saga, de fazer parte da equipa de produção da primeira série televisiva de animação, realizou um sonho antigo.

Entretanto, a Disney comprou a Lucas Films, a produtora de Lucas, e por arrasto, a LucasArts – a empresa responsável pela produção, efeitos especiais e gadgets diversos ligados aos filmes – com algum bruaá nas redes sociais entre os fãs e despedimentos coletivos pelo meio. Mas lançou-se a sério nas produções a vários níveis. Lucas saiu ligeiramente de cena, mas continua a colaborar nestes novos episódios. Afinal, não deixou de estar com a Força, ou vice-versa.

ricardo.nabais@sol.pt