Solos cobertos de lava, muros delimitando pequenas parcelas de terreno para assim as abrigar dos fortes ventos vindos do mar e, no meio de tudo, o milagre: vinho. O célebre vinho da ilha do Pico, paisagem agora protegida pela UNESCO que em 2004 a elevou a Património Mundial da Humanidade. Vinho e outros produtos açorianos que agora desfilaram sob os nossos olhos no evento Wine in Azores, organizado por Joaquim Coutinho Costa (Gourgeous Azores), e que decorreu no Pavilhão de Exposições da Associação Agrícola de S. Miguel. Com 120 produtores representados, mais de 2.000 vinhos em prova, showcookings apresentados por 12 chefes, dos quais três – Leonel Pereira, Pedro Lemos e Ricardo Costa –, distinguidos com uma estrela Michelin, a mostra foi um enorme êxito, conseguindo uma assistência a rondar as 13.000 presenças em três dias.
A minha curiosidade voltou-se para os vinhos açorianos, onde destaquei o licoroso Lajido e o branco Frei Gigante, ambos da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico e assinados pela enóloga Maria Álvares. O Frei Gigante Branco, feito com as castas tradicionais dos Açores (Arinto, Verdelho e Terrantez) mostrou-se com aroma frutado, ligeiramente tostado e muito fresco, com acidez equilibrada.
Aliás, os brancos foram as grandes estrelas, como constatei ao provar os vinhos de António Maçanita, da Azores Wine Company. Entre eles destaquei o Arinto dos Açores 2014 Sur Lies (sobre borras), que se apresentou muito mineral e salino. Mas gostei também do verdelho 2014 (acidez, muita frescura) e do Terrantez do Pico 2014, uma casta quase em extinção.
Wine in Azores 2015 foi, de facto, um grande sucesso na promoção dos vinhos açorianos e no contacto com o que de melhor se faz no continente.